Três ponteiros, data às 3h00. Se o que procuramos é elegância e simplicidade, é difícil encontrar melhor do que isto. Este Zeppelin com a referência 7656-5 (uma das 8 variantes disponíveis na série LZ127 Graf Zeppelin) não só é um excelente exemplo deste conceito como é um fantástico relógio B3, com um preço de apenas 199€.
Além disso, é também a minha mais recente aquisição. Na realidade, não era minha intenção comprá-lo. Adquiri-o para o meu pai, que é também um apreciador de relógios, mas cometi um erro de principiante: oferecer um relógio automático a alguém que já não se movimenta muito (o meu pai tem 93 anos). Resultado: fiquei com ele porque no pulso do meu pai acabava por parar e, apesar de este movimento em particular poder receber corda manual, ele esquecia-se de lhe dar corda…
Por esta razão, o que aqui estão a ler é uma das raridades deste blog: um verdadeiro teste em vez de apenas uma referência baseada nas suas características técnicas e nas fotos de catálogo.
Começo por dizer que este é um daqueles relógios cuja perceção de qualidade é melhor “na mão” do que apenas através das fotos. O acabamento polido é muito bom e contribui para reforçar essa ideia de qualidade. No entanto, e apesar de se tratar de um dress watch, é bom notar que a caixa não é muito fina – tem ainda assim uns 12mm de altura. EDIT: a caixa tem 40mm de diâmetro.
Como já referi atrás existem muitas variantes nesta coleção, incluindo algumas com bracelete de aço em malha milanesa. No entanto, esta é das que mais me agrada, com um clássico mostrador beije que fica muito bem com a bracelete em pele castanha. Tal como acontece em tantos outros modelos da marca alemã, são usados numerais com uma fonte que reforça o design Art Déco do relógio e que é reminiscente da época que o inspira: quase conseguimos imaginar que estamos no início do século XX, a bordo de um gigantesco dirigível sobre o Atlântico (de preferência, não este!).
Ainda em relação ao mostrador, o vidro usado é mineral normal (ou seja, não é de safira), como seria de esperar num relógio com um preço modesto. Neste caso, a Pointtec, o fabricante da Zeppelin, optou por um vidro ligeiramente convexo, o que poderia contribuir para que se riscasse mais facilmente. Mas, apesar de não me considerar particularmente cuidadoso na forma como uso os meus relógios, não tive até agora qualquer problema com riscos.
Os ponteiros têm tratamento luminescente. Contudo, não existe qualquer outro detalhe com este material, pelo que é difícil ver as horas no escuro, uma vez que não temos referência da posição das 12 horas.
Este é um relógio com fundo em vidro, o qual nos deixa observar o movimento Citizen Myiota 821A. Como já referi anteriormente, o movimento permite receber corda manual (útil para quando queremos criar rapidamente alguma reserva de marcha) mas não faz paragem de segundos (isto é, o ponteiro dos segundos continua a andar mesmo depois de puxada a coroa para acerto).
A tampa do relógio possui acabamento escovado (na parte do aro em aço, claro, não no vidro!) e sua fixação não é feita nem por rosca nem por parafusos, mas por pressão – o que contribui para a sua resistência à água de apenas 5 atmosferas.
Conclusão
Este modelo da Zeppelin, de fabrico alemão e dotado de um movimento japonês, pode bem constituir uma excelente porta de entrada para o mundo dos relógios mecânicos. O seu preço modesto (199€ em Portugal) e sua versatilidade – tanto pode ser encarado como um dress watch como visto como um “relógio de quotidiano” (ou “daily beater”, como preferirem) – fazem com que seja um relógio que podemos usar em praticamente qualquer ocasião. E a sua construção simples e robusta permite que o utilizemos sem termos de nos preocupar em danificá-lo.
Apesar de ter começado por ser uma compra para outra pessoa, esta é uma peça que facilmente encontrou um lugar na minha coleção. E, posso também dizê-lo, no meu coração.