24 fevereiro, 2021

Boldr Expedition Eiger


Falei pela primeira vez na Boldr em outubro do ano passado, a propósito do modelo Venture Carbon e terminei o post dizendo que o melhor elogio que podia fazer ao relógio é que planeava comprar um em breve.

E é verdade. O que não expliquei na altura é que o modelo que pretendo adquirir não é, na verdade, aquele, mas sim um da gama Expedition, que tanto pode ser este Eiger como praticamente qualquer outro, uma vez que todas as variantes me agradam bastante! O Expedition foi um dos primeiros best sellers desta marca, mas foi recentemente (no final de 2019, penso) redesenhado e, quanto a mim, para melhor [há uma análise à versão anterior aqui, onde é possível ver as diferenças, sobretudos nos ponteiros e bisel interior].

Quando falei do Venture na página do Facebook, um dos leitores referiu-se ao tamanho da caixa como sendo "pequena". Bem, aqui as dimensões são um pouco maiores e penso que os 41mm de diâmetro serão já bastante interessantes para quem achou a de 38mm do Venture pequena.

Este continua a ser um field watch, mas retoma algumas das características dos chamados super compressors, nomeadamente com a utilização de duas coroas, às 2h00 e 4h00, ambas de rosca, sendo a superior usada para mover de forma bidirecional o bisel interior com escala de minutos/segundos.

Este é um relógio mais caro do que o referido Venture, mas também aqui a Boldr subiu a parada em termos de especificações. A caixa é em aço 316L em vez do titânio usado no Venture, mas continuamos a ter direito a vidro de safira com tratamento antirreflexo e resistência à água até 200 metros. Mas neste modelo, e em toda a restante família Expedition, a Boldr usa movimentos suíços Sellita SW200-1 em vez dos mecanismos de origem Seiko.

Note-se também que, ao contrário do que acontece no Venture, onde o movimento de base possui data mas esta não é usada, de forma a criar um mostrador mais "limpo", aqui temos direito a uma janela de data às 4h00.

A legibilidade no escuro de todas as variantes é excelente. Contudo, nesta variante Eiger em particular, temos um mostrador full lume, em que todo o mostrador é luminescente e a visibilidade no escuro é dada através do contraste com os índices e ponteiros, como se pode ver no GIF animado que ilustra este post.

Resta então o preço. Acho que os 514€ pedidos mostram que a Boldr se está a "esticar" um pouco. É verdade que não tem as economias de escala de uma "grande" marca, mas também não tem que se preocupar com margens de comercialização, uma vez que vende os seus relógios diretamente ao público através de um website próprio. Continua a ser um bom preço, mas é um pouco mais elevado do que eu gostaria.


17 fevereiro, 2021

Defakto Dialog Standard


Falei da Defakto, pela primeira vez, já há muitos anos. Na altura, referi-me à marca alemã a propósito dos seus relógios de um só ponteiro. A marca manteve a sua linha de relógios ultra-minimalistas mas, agora, tem já máquinas com dois, três ponteiros e, até, pequenos segundos.

Redescobri a Defakto quando, no final do ano passado, meti na cabeça de que precisava de um dress watch de dois ponteiros e... descobri que não havia (e não há) assim tantos!, sobretudo modelos discretos e mesmo só com dois ponteiros e sem data

Sim, eu disse "sem data". E também já disse por diversas vezes que, para mim, a data é uma complicação essencial. Mas é essencial para um relógio de utilização quotidiana e, para mim, um dress watch de dois ponteiros é uma peça para usar à noite e/ou durante uma ocasião mais formal. E, neste contexto, não ter data é algo que não me faz diferença, bem pelo contrário.

Na minha busca, acabei por encontrar, e comprar, um relógio muito B3, do qual falarei em breve, mas considerei seriamente optar por este Defakto Dialog Standard. E só não o fiz porque não queria uma peça tão monocromática (este modelo existe também com mostrador preto).

Para quem procura um relógio minimalista, é difícil encontrar melhor. O desenho do mostrador inclui apenas os índices a preto sobre fundo branco, o nome da marca às 12h00 e dois ponteiros igualmente simples, também em preto. Este modelo não oferece sequer qualquer luminescência para visibilidade no escuro, embora tal seja proposto nos modelos em preto, cujos ponteiros (mas não os índices) receberam tratamento com superluminova.

A caixa tem a dimensão perfeita para este tipo de relógio, com 40mm de diâmetro, e oferece resistência à água de 5 atmosferas. A utilização de um movimento de quartzo (Ronda 712, suíço) permitiu também manter as dimensões reduzidas em termos de espessura, que é de apenas 6,6mm – excelente para uma peça que se quer discreta e dressy.

A execução inclui ainda vidro de safira e bracelete em pele genuína. O conjunto, garante-nos a Defakto, é Made in Germany. O preço para tudo isto? Uns muito razoáveis 235 euros, a partir do site do fabricante.

10 fevereiro, 2021

Tissot Gentleman Powermatic 80 Silicium

 

Quem acompanha este blog há algum tempo já percebeu a minha predileção por relógios simples (apesar disto), e não necessariamente no que diz respeito apenas a dress watches. Não há grandes variações possíveis num "três ponteiros" com data às 3h00, mas a verdade é que, neste como em qualquer outro relógio, o diabo está nos detalhes e são precisamente os detalhes que conseguem fazer uma diferença substancial entre diferentes modelos.

Este Tissot representa bem o que acabo de escrever, com detalhes (quer estéticos, quer técnicos) que não só resultam numa peça lindíssima (para mim, claro), como apresenta fatores diferenciadores suficientes para criar um relógio único.

Comecemos pela caixa. Com 40mm de diâmetro e 11,5mm de espessura, penso que temos aqui o sweet spot que permite a esta peça ser usada por praticamente toda a gente, independentemente do tamanho do seu pulso. Apesar de ser um pouco irrelevante num dress watch, o facto de ter resistência à água até 100 metros torna-o também mais versátil e passível de ser usado como daily driver, tanto mais que o vidro de safira (usado em todos os Tissot) ajudará a que se mantenha com aspeto de novo durante muito tempo.

Outro aspeto prático é a opção pela utilização do movimento Powermatic, com mais de três dias (80 horas) de reserva de marcha e que, aqui, surge com uma melhoria importante, de resto salientada no próprio mostrador e no nome do modelo em si: o balanço em silício, o qual contribui para uma maior fiabilidade, precisão e resistência a campos magnéticos.

Os detalhes que fazem a diferença podem também ser observados na caixa, com o contraste entre o bisel, polido, e o resto da caixa, escovada; e a bracelete em aço, cujos elos centrais são polidos face aos elos laterais com acabamento escovado.

No final, uma referência incontornável para aquele que é, talvez, o aspeto mais saliente do relógio: o mostrador. Nesta variante em particular – existe também com mostrador preto e branco/prateado  – temos mostrador em azul escuro com índice prateados aplicados e janela de data às 3 horas.

Os ponteiros, ao contrário do que acontece em muitos dress watches, têm visibilidade no escuro através da aplicação de material luminescente. O mesmo não acontece nos índices aplicados, certamente por uma questão estética, mas a Tissot resolveu o problema com pequenos pontos luminescentes na base de cada um dos índices.

Eu gosto tanto desde relógio que sou mesmo capaz de fazer uma declaração radical: este é o tipo de relógio capaz de constituir uma one watch collection, um relógio que faz tudo e que fica bem em praticamente qualquer situação – algo que frequentemente se diz a propósito de relógios como alguns modelos da Rolex

O único problema aqui é mesmo o preço. Este não é um relógio muito barato. O preço de referência é da ordem dos 700 euros, muito embora o possamos encontrar na Internet por um pouco menos. Vale o que custa? Para mim, sim.

03 fevereiro, 2021

Bauhaus 2162-3

 


A coleção Bauhaus sempre foi um best-seller da Junkers e, mais recentemente, surgiu também como uma das famílias da Iron Annie, anunciada no final de 2020, a propósito da abertura de novas instalações da Pointtec, o fabricante destes relógios, em Ruhla, na região de Thuringia.

Na realidade, o próprio edifício, no qual os relógios Zeppelin e Iron Annie (e, antes destes, os Junkers) são montados, tem também uma ligação direta à escola Bauhaus, uma vez que foi desenhado pelos arquitetos Schreiter & Schlag e construído em 1929. Agora, a Bauhaus será uma nova marca independente da Pointtec e este relógio é um dos primeiros a ostentá-la.

Existem três variantes: esta, com a referência 2162-3, que tem mostrador azul escuro e bracelete em pele castanha; uma variante com mostrador branco; e outra ainda com mostrador preto.

A caixa, em aço, tem 41mm de diâmetro e resistência à água até 5 atmosferas, com o mostrador protegido por vidro mineral endurecido (K1). O mostrador, como não poderia deixar de ser num relógio que se chama Bauhaus, é relativamente despojado de qualquer tipo de ornamentação que não seja estritamente funcional.

No entanto, há duas decisões interessantes a salientar. A primeira é a opção pelo movimento Miyota 8285, com dia/data em que o dia da semana surge por extenso numa janela alargada às 12h00 (o dia do mês está na posição tradicional das 3 horas).  

A outra decisão prende-se com o desenho dos ponteiros: enquanto o habitual é termos ponteiros de horas e minutos numa mesma cor e, eventualmente, o ponteiro de segundos numa cor diferente, aqui alguém decidiu fazer as coisas ao contrário. Assim, temos o ponteiro das horas e o dos segundos em branco e o ponteiro dos minutos em vermelho, uma decisão cromática que foi tomada também nas restantes variantes. 

O preço de referência para este relógio é de 279 euros.