22 agosto, 2021

RZE Valour Cruzaderwhite: um cronógrafo apetecível

 

A maioria dos entusiastas de relojoaria (eu incluído) é um bocadinho snob no que diz respeito aos movimentos. O mais certo é olharmos de lado para qualquer coisa que não tenha um movimento mecânico lá dentro. :-) Mas não tem que ser necessariamente assim. Diria mais, não deve ser assim.

Os relógios com movimento de quartzo oferecem duas coisas que dificilmente encontramos nos seus congéneres mecânicos. A saber, precisão e fiabilidade (fiabilidade, no sentido de não necessitarem de manutenção, além da mudança da pilha – e, no caso dos quartzo alimentados pela luz, nem isso!). 

Neste momento, a minha pequena coleção inclui dois cronógrafos, um Tissot com movimento de quartzo; e um Junkers com um movimento automático ETA 7750. Ambos me dão grande prazer sempre que os coloco no pulso, mas tenho de admitir que gosto mais do Junkers. Acontece contudo que eu, como, de resto a maioria dos que usam cronógrafos, nunca (ou quase nunca) uso a complicação de cronógrafo. Mas, se a utilizasse de forma regular, iria obter resultados mais precisos de registo de tempos intermédios com o Tissot. Alguém acha que os equipamentos de cronometragem dos Jogos Olímpicos usam relógios mecânicos?!

Os movimentos cronógrafos Seiko da série VK são muitas vezes designados "movimentos híbridos" ou "mecha-quartz", porque a parte do cronógrafo utiliza diversos elementos mecânicos e, além disso, o ponteiro dos segundos tem um movimento relativamente suave, em vez de avançar a cada segundo. A vantagem consiste na conjugação de operação do cronógrafo com um feel mecânico, mas com a precisão que só o quartzo consegue oferecer. Não será o melhor dos dois mundos, mas anda lá perto!

E é precisamente a variante VK64 que encontramos aqui neste bonito e original cronógrafo da micro-marca RZE. Trata-se da variante com mostrador branco e sub-mostradores pretos ("panda") da gama Valour, que resulta num relógio particularmente bem conseguido e com um desenho de alguma originalidade... pelos menos tanto quanto é possível seguindo de perto as regras de desenho de um cronógrafo tradicional.

As especificações são uma conjugação de tudo o que aqui costumo reivindicar e que considero basicamente perfeitas: caixa em titânio com 42mm de diâmetro, resistência à água até 200 metros, vidro de safira e um mostrador muito equilibrado e bem desenhado, com os dois sub-mostradores às 3h00 e 9h00 e uma janela de data ás 6h00. 

E, por falar em bem desenhado, chamo a atenção para a maior originalidade deste projeto, que é a forma discreta e muito bem integrada como foram implementados os poussoirs do cronógrafo. Outro detalhe elegante é também a forma seamless como as asas parecem fazer parte da caixa e não um mero acrescento. O resultado é um relógio que é tão bonito com pulseira em borracha, como com bracelete em titânio – muito embora esta última seja mais do meu agrado.

O mostrador oferece grande visibilidade também no escuro, com aplicação de superluminova nos índices e nos ponteiros principais.

É possível arranjar cronógrafos baseados no Seiko VK64 a preço inferior ao deste RZE, mas não encontrei nenhum tão bonito nem tão equilibrado em termos de características e desenho. O preço, a partir do website europeu da marca, e já com portes incluídos, é de 369€ para a variante com pulseira em borracha e de 459€ para a que inclui esta mas também uma bracelete em titânio. 

Estão também disponíveis variantes com mostrador em "salmão" e uma outra com caixa revestida a PVD negro.