25 agosto, 2024

Timex x The James Brand Automatic GMT

 

Timex x The James Brand Automatic GMT 

Não sabemos o que aconteceu na Timex, mas foi certamente algo de positivo. Desde os designers, aos responsáveis de marketing, tudo parece confluir num bom momento para a marca. E este novo modelo é disso um excelente exemplo.

Timex x The James Brand Automatic GMT, como o nome sugere, é um novo GMT. Mas, ao mesmo tempo, não se limita apenas a ser "mais um". A forma da caixa, em "barril", é em titânio, com bracelete integrada igualmente em titânio, vai buscar inspiração às criações da Timex dos anos 70.

O resto das especificações estão igualmente muito acima do que a Timex nos habituou ao longo dos anos: resistência à água até 200 metros, movimento automático Miyota 9075 "true GMT", vidro de safira com tratamento antirreflexo...

As proporções são igualmente corretas, com 41mm de diâmetro e 11mm de espessura. O desenho do mostrador, não sendo propriamente original, também não nos dá qualquer impressão de plágio e/ou hommage. Nos tempos que correm, já nem peço mais do que isso!

O preço, tendo em atenção os valores (nalguns casos excessivos) que os microbrands cobram, também me parece perfeitamente razoável, embora não propriamente barato: 750€. O problema? Trata-se de uma edição limitada, esgotada quer no website da marca, quer no TheJamesBrand, que colaborou com a Timex neste projeto.

A minha sugestão: se encontrarem algum à venda pelo preço de referência, é aproveitar! Este modelo é vendido numa caixa que inclui uma segunda bracelete, em resina.

14 agosto, 2024

Citizen Super Titanium NJ0180: o gigante acordou!

 

O revivalismo que a Tissot de certa forma inaugurou com os seus PRX (a reedição e/ou reinterpretação dos modelos dos anos 70 continua na ordem do dia) parece ter acordado a concorrência asiática. O que, no caso da Citizen, é decididamente algo que apreciamos.

A marca japonesa tem sempre sido vista pelos entusiastas como secundária face à Seiko, mas os seus últimos lançamentos mostram que a Citizen está disposta a bater-se por uma posição cimeira. Os novos  Forza (que também surgem como "Zenshin" em alguns websites regionais), são exemplo disso.
 
A gama consiste, para já, em três modelos, dois de quartzo (EcoDrive) e um mecânico, cada um com três variantes na cor do mostrador: azul (na foto), laranja e verde. Os primeiros dois são um cronógrafo e um "três ponteiros" tradicional, com dia e data; para o modelo automático, a Citizen criou o "pequenos segundos" com caixa em titânio que vos trago hoje, com a referência NJ0180-80L.

Sou sincero: é difícil identificar o que gosto mais neste relógio, porque este modelo está cheio de coisas boas e decisões acertadas. Diria que uma das mais óbvias é a bracelete integrada (esta gama não existe com pulseira de pele sequer) que, para o meu gosto, está mais bem conseguida do que a do Tissot PRX.

Depois, o mostrador está muito bem desenhado, com um equilíbrio excelente entre as posições do sub-mostrador de segundos, a janela da data, o logótipo da Citizen e as palavras "Automatic Titanium". Além disso, o fundo texturado e os índices aplicados oferecem um resultado muito mais premium do que o relativamente modesto preço de referência (429€!) deixaria antever.

O resto da execução devia fazer corar de vergonha a Seiko, onde parece ser preciso gastar mais de 500€ para termos direito a vidro de safira. Aqui, faz parte do pacote, numa caixa (e bracelete) em titanio com umas dimensões basicamente perfeitas para um dress watch: 40,5mm de diâmetro e 11,5 de espessura. A resistência à água é de 10 atmosferas, perfeitamente aceitável para um relógio deste tipo.

Onde a Citizen poupou dinheiro foi no movimento usado. Este é o movimento 8213, que funciona a 3 Hz e não tem a nobreza de um high beat da série 9. Mas, por 429 euros, estou disposto a aceitar o compromisso!

06 julho, 2024

Vostok Europe N1 Rocket GMT: pronto para a aventura

 


Quando, no final de 2022, falei com Igor Zubovskij, o CEO da Vostok Europe, ele disse-me que a marca tinha previsto o lançamento para breve dos primeiros modelos GMT baseados no movimento Seiko NH34.

Demorou algum tempo, mas o distribuidor nacional da marca, a SRI, já tem disponíveis os primeiros exemplares, que nos surgem através da coleção N1 Rocket: o NH34-225A713, com mostrador bege (na foto) e o NH34-225A712, com mostrador azul.

Gosto muito de ambos, embora o primeiro dê uma vibe um pouco mais aventureira, que me agrada bastante. Além da cor, a principal diferença é que enquanto o azul tem superluminova nos índices e ponteiros,  no bege é todo o mostrador que é luminescente, sendo a leitura dada por contraste:


Há outros detalhes interessantes neste GMT. O principal será talvez o bisel rotativo. Este é um relógio com caixa resistente até 200 metros no qual foi mantida a funcionalidade tradicional do bisel, de controlo do tempo de mergulho; ora em muitas outras implementações, mesmo em relógios também (supostamente) de mergulho, o que tenho visto é este bisel passar a exibir uma escala de 24 horas.

Não retiro o interesse desta última abordagem, porque permite, na prática, a leitura de um fuso horário adicional. Mas respeito o que a Vostok Europe aqui fez, porque não é isso que impede a funcionalidade GMT, ao mesmo tempo que preserva a identidade do relógio e o seu caráter de tool watch.

A caixa é semelhante a outros N1 Rocket de 3 ponteiros, mas o mostrador, além do terceiro ponteiro, ganhou também uma escala concêntrica de 24 horas, de forma a permitir a leitura do segundo fuso horário.



Infelizmente, apesar de eu adorar o resultado final, este é um relógio demasiado grande para mim, com a sua caixa de 46mm de diâmetro. Mas, para quem tenha um pulso compatível com estas dimensões, o pacote é irresistível... até porque o seu preço também o é: apenas 389 euros. Que, para um relógio com estas características e o habitual nível de execução da marca, me parece uma verdadeira pechincha.


15 maio, 2024

Followay FM1 Groundbreaking: português e com alma

 

Followay FM1 Groundbreaking

O tempo não tem abundado e estou em falta para com o João Dias, o criador da marca portuguesa Followay, que tão simpaticamente chegou até ao Relógios B3 e me disponibilizou durante algumas semanas uma unidade do seu FM1 Groundbreaking para análise.

Antes de falarmos do FM1, vale a pena falarmos primeiro da Followay. Esta não é a primeira nem será certamente a única marca "portuguesa". Mas creio que é a primeira marca portuguesa... sem aspas! A distinção é importante, porque nos tempos que correm, basicamente qualquer pessoa pode criar uma marca de relógios, registá-la em Portugal e dizer que tem uma "marca de relógios portuguesa"... ainda que, depois use movimentos japoneses (o que é aceitável) e mande fazer as caixas na China (o que já é menos aceitável).

Admito que não sou suficientemente conhecedor para garantir que assim é com todas as marcas que se apresentam ao mercado como sendo "portuguesas", mas posso afirmar que o contrário é verdade no caso da Followay: à exceção do movimento, o popular SII (Seiko) NH35A, tudo o resto é feito em Portugal.

João Dias, o jovem de 22 anos responsável pela Followay, explica que a paixão pelos relógios surgiu bem cedo na sua vida, quando a sua tia lhe ofereceu um Casio, tinha ele 7 anos. Assume uma "alma de artesão e de empresário" e, quando decidiu avançar para este projeto, fez questão que tudo (ou tanto quanto possível) fosse produzido em Portugal.

Um relógio diferente

Pode ou não gostar-se deste primeiro modelo da Followay, mas uma coisa é certa: nunca vimos algo parecido! O que mais chama a atenção é efetivamente a caixa, um monobloco em aço maquinado, acabado e polido manualmente e no qual há uma integração total das asas que prendem a bracelete.

As dimensões também não são usuais. Não pelos 40 mm de diâmetro, mas pelas proporções entre o mostrador e a luneta. Outra particularidade é o facto de o fundo da caixa ser perfeitamente plano – incluindo as asas. Este foi um aspeto que me preocupou ao ver as fotos, porque achei que não ia ser muito confortável em termos de utilização diária. Além disso, as asas têm um espaçamento pouco usual para um relógio destas dimensões, de apenas 16mm, o que me fez ainda mais soar os alarmes.

Contudo, a verdade é que nada disto tem impacto na utilização do relógio no dia a dia, tal como confirmei durante o tempo que convivi com ele. Pelo contrário, achei a utilização diária do relógio bastante confortável!

Na prática, é outra particularidade do relógio que mais senti que poderá ter impacto no conforto de utilização (embora não no meu caso): a coroa. Uma vez mais, é uma coroa que foi desenhada pelo João Dias especialmente para este relógio, mas acho que é demasiado grande (não em diâmetro, mas em comprimento) para o relógio. Confrontei o criador do FM1 como este detalhe mas ele confessou-me que era uma das coisas que mais gostava no relógio, pelo que não será certamente algo que irá mudar.

Especificações

A Followay gosta mesmo de fazer as coisas à sua maneira e outra particularidade que não se vê normalmente noutros projetos é o mostrador. João Dias escolheu o alumínio e, para a cor (cinza escuro) deu-lhe um tratamento anodizado; a aplicação dos índices é feita de forma a deixar surgir o alumínio brilhante por baixo. O resultado é uma textura interessante e que seria difícil de obter de outra forma.

O vidro, totalmente plano, é de safira. E, como já foi referido acima, a bracelete é de pele, com uma fivela convencional.

As especificações podem ser consultadas no website da marca, aqui. Confirmei o diâmetro da caixa e a largura da bracelete indicadas (40mm / 16mm) mas registei também outras: espessura de 12,4mm e peso de 86,76 gramas, bracelete incluída. A caixa tem uma resistência à água de 50 m.

Conclusão

Pessoalmente, o resultado (estético) do Followay não é algo que me agrade. Há detalhes que sinto que podiam (e, uma vez que estão previstas apenas 200 unidades do relógio, as quais serão produzidas à medida das encomendas, ainda podem) ser alteradas. O aspeto mais flagrante é a posição e dimensões do logótipo da marca: penso que podia ser menor e estar colocado às 12h00 e não às 6h00, onde já encontramos a janela da data. 

Contudo, tal não desvirtua o resultado final. Consigo entender as virtudes do projeto e creio que ele tem lugar no mercado. A originalidade deste modelo e o facto de quase tudo ser produzido em Portugal – especialmente a caixa – tem um apelo que muitos acharão irresistível.

Resta o preço. Tudo isto custa dinheiro, claro. E é aqui que julgo que o Followay FM1 Groundbreaking tropeça um pouco. O relógio custa 576€. Mas eu sei que o FM1 vale o que custa, porque esse é o preço da manufatura em pequena escala e em Portugal, mas também o preço de sabermos que temos no pulso algo único e original.
 
Podia ser mais barato? Podia, se fosse todo feito na China. Mas, nesse caso, tínhamos que voltar a colocar as aspas nesta marca 100% portuguesa.
 
O Followay FM1 Groundbreaking está á venda em Lisboa, na ourivesaria Camanga, e em Gaia, na Watch Garage.

Galeria

Followay FM1 Groundbreaking
Followay FM1 Groundbreaking

Followay FM1 Groundbreaking

Followay FM1 Groundbreaking



Followay FM1 Groundbreaking

Followay FM1 Groundbreaking
Followay FM1 Groundbreaking


07 abril, 2024

MAEN Brooklin 36: quando um Panda não é um Panda

MAEN Brooklin 36

Esta é a primeira vez que vos falo da MAEN, uma jovem marca sueca fundada por dois neerlandeses. Mas a julgar pela criações que podemos encontrar no website da marca, julgo que vale bem a pena descobrirmos um pouco mais a sua gama, a começar por este Brooklin 36.

Trata-se de um interessante dress watch de dimensões modestas (36mm de diâmetro, como seu nome sugere), mas excelentes proporções, cortesia de um mostrador criado em torno do movimento Miyota 9122, um high-beat (4 Hz) automático com função de triplo calendário: dia do mês na janela às 6h00, dia da semana no sub-mostrador às 9h00 e mês às 3h00.

O resultado é mostrador "panda" mas sem a complicação de cronógrafo, como assumiríamos à partida; ou seja, um panda que não é um panda... mas acaba por ser um panda. :-)

A caixa, em aço 316L e com resistência à água de 5 atmosferas, é relativamente fina, com apenas 11,1mm de espessura, que cresce ligeiramente até aos 12,6mm se incluirmos o vidro de safira abobadado com revestimento antirreflexo. O conjunto é completado por uma bracelete de 5 links também em aço.

Gosto imenso do resultado final, e a marca tem diversas variantes deste modelo, todas ao mesmo preço, com diferentes cores e contrastes.

A gama Brooklin 36 encontra-se em fase de pré-venda, com entregas previstas para maio deste ano. A aquisição só pode ser feita diretamente a partir do website do fabricante. O preço, um pouco puxado para uma marca sem grande história e com um movimento que, apesar de excelente, não é suíço, é de 849€.