03 junho, 2023

Bulova Lunar Pilot 43.5mm: mais perto da Lua

 

Ao longo dos anos, na minha jornada de descoberta, tenho falado de relógios que acabei mais tarde por comprar. Um destes dias hei-de falar deles, mas hoje não é esse dia. Hoje é o dia em que vos trago um relógio de que gosto muito, do qual já falei anteriormente mas... que não contemplei comprar porque era demasiado grande para o meu pulso: 45mm, e uma distância entre "asas" demasiado grande para mim.

Como já viram pelo título e pela imagem, esse relógio é o lendário Bulova Lunar Pilot, Mas porquê revisitá-lo? Porque a marca (que desde 2008 faz parte do grupo Citizen) acaba de lançar dois novos modelos, com uma caixa de menores dimensões e mais próximos do modelo original que foi usado na Lua pelo astronauta David Scott, comandante da missão Apollo 15... depois do seu Omega Speedmaster se ter avariado (consta que o vidro saltou da caixa).

Foi esse relógio, esquecido até 2015, quando foi leiloado por 1,65 milhões de dólares, que a Bulova decidiu recriar para o público em geral. Contudo, a primeira iteração tinha dois aspetos (além da utilização de um movimento totalmente diferente) que o distinguia do original: uma caixa de 45mm, quando o original tinha 43,5mm, e janela de data às 4h30, simplesmente inexistente no original.

A complicação de data foi removida para uma edição especial limitada comemorativa do Lunar Pilot lançada em 2021, mas mantendo a caixa de 45mm. Agora, a Bulova lançou dois novos modelos sem data e com uma caixa de 43,5mm, semelhante à original que esteve realmente no solo lunar.

Um dos modelos é o tradicional com caixa em aço e mostrador preto, mas temos agora também uma nova, com mostrador branco e sub-mostradores azuis, que o pessoal gosta de comparar ao Speedmaster "Snoopy".

Além das dimensões e da data, estes relógios retêm todas as características dos modelos anteriores, incluindo um preço semelhante, de 579€. Ambos são apenas vendidos com bracelete em aço, mas numa caixa que inclui uma bracelete NATO adicional; pelo menos para já, não existe variante apenas com bracelete em pele, como ainda sucede com o modelo de 45mm, e que custa menos 50€.

Apesar dos preços de referência serem muito razoáveis, é possível adquirir estes relógios a um preço ainda mais baixo, na Amazon Espanha. A versão com mostrador preto pode ser comprada por 488€; a variante "Snoopy" custa 549€.

 

28 maio, 2023

Nodus Sector GMT Pacific: dos EUA, com amor

 


A Nodus é uma micromarca baseada em Los Angeles, EUA, que acho que vale a pena explorarmos. É verdade que só vende a partir do seu website norte-americano, o que significa que iremos ter de pagar impostos à chegada a Portugal. Mas, com os preços que pratica, acho que mesmo assim pode bem valer a pena!

O modelo que vos trago hoje é um GMT que está temporariamente esgotado, mas prevê-se que volte a estar disponível a partir de julho (de 2023). E não admira: por apenas 450 dólares (!) temos aqui uma peça que transpira qualidade e com um desenho original e muito bem conseguido.

Este é um relógio baseado no menos sofisticado dos novos movimentos japoneses GMT para OEMs, o TMI (Seiko) NH34. Basicamente, trata-se de um NH35 ao qual foi adicionada a complicação de segundo fuso horário através de um quarto ponteiro que pode ser acertado separadamente.

No entanto, o movimento é conjugado com uma execução de nível elevado, incluindo caixa em aço de 38 mm de diâmetro com resistência à água até 100 metros e vidro de safira com revestimento antirreflexo interior. O desenho do mostrador é particularmente feliz, com numerais arábicos em todas a posições horárias, exceto às 6h00, onde foi colocada a janela da data (que no movimento original está às 3h00). Uma escala concêntrica de 24 horas serve o ponteiro que indica o segundo fuso horário. 

O resultado é um relógio deportivo e, ao mesmo tempo, dressy, que pode ser utilizado numa variedade de ocasiões. 

O modelo da foto é o GMT Pacific, com mostrador azul de excelente efeito. Existe também uma variante com mostrador cinza escuro, designada Metro, que está igualmente esgotada.

Como disse no início, parece-me uma excelente proposta em termos de relação preço/qualidade/funcionalidade dados os 450 dólares pedidos... e mesmo que chegue até nós mais caro. Porquê? Porque é mais original e oferece mais qualidade do que a implementação da própria Seiko.  

17 abril, 2023

Deep Star 1000 Vintage Swiss Automatic: suíço, mas B3

 


A Deep Blue é um microbrand fundado nos EUA em 2007. A empresa focou-se desde o início em tools watches de mergulho, e é sobretudo esse o tipo de relógios que encontramos ainda hoje nas suas diferentes gamas de produto.

Agora que o tempo está mais quente e convida a mergulhar, nada melhor do que sugerir o Deep Star 1000 Vintage Swiss Automatic. Esta gama inclui diversos relógios, com diferentes cores de mostrador, e todos com um preço-canhão de apenas 436€.

Poderão dizer-me que isso não é propriamente um preço interessante, dadas as opções em marcas como a Seiko ou a Orient. Mas é preciso ver melhor a folha de especificações: movimento suíço Sellita SW-200, um clone high-beat do lendário ETA 2824, 300 metros de resistência à água e mostrador protegido por vidro de safira.

O PVP indicado é o do relógio com bracelete em borracha de silicone, e inclui já portes para Portugal; o da imagem, com bracelete em malha milanesa, fica por mais 50€.

Este é um relógio um pouco grande de mais para o meu pulso (44mm de diâmetro e 15mm de espessura), mas que está em linha com muitos relógios de mergulho com especificações semelhantes. O desenho do mostrador não é propriamente original, mas também não ofende... O único aspeto que me agrada menos foi a decisão de colocar a janela de data na posição das 4h30.

Caso queiram encomendar, atenção: é preciso usar o website europeu, para evitar problemas com portes, impostos e alfândega.


10 abril, 2023

Seiko 5 SRPD79: barato, ou nem por isso?

 


Ao longo dos anos, este blog falou de imensos Seiko 5 – provavelmente a mais popular linha do fabricante japonês.

Venho hoje novamente falar num deste modelos, não por ser particularmente interessante, mas como pretexto de uma reflexão sobre o que tem estado a acontecer com a Seiko. 

E o que é que tem estado a acontecer com a Seiko? Bem, anda cada vez menos interessante em termos de preços. Veja-se este Seiko 5, com a referência SRPD79. O relógio é bonito (há inúmeras variantes, mas escolhi esta toda em preto, não por me agradar particularmente, mas porque é um pouco mais original), mas segue de perto as principais características da gama.

Entre estas encontramos o movimento automático 4R36, que oferece paragem de segundos (“hacking”) e possibilidade de corda manual, com dia e data às 3h00. O resto da execução é semelhante a dezenas de variantes da gama Seiko 5, designadamente caixa em aço com resistência à água de 100 metros, 42,5mm de diâmetro e coroa colocada às 4h00 – uma decisão estética, mas do que funcional. O fundo é de vidro, permitindo desta forma a visualização do movimento.

Neste caso concreto, a bracelete é de nylon, tipo NATO, mas há inúmeras variantes com diversos tipos de braceletes, incluindo aço, e mostradores de outras cores. O vidro do mostrador é mineral endurecido e o bisel para controlo do tempo de mergulho é unidirecional.

Nada tenho contra este relógio em particular… exceto o preço. O preço de referência (que é o que encontramos na maior parte das ourivesarias) é de 390€, o que me parece francamente alto.

A Amazon Espanha vende este modelo por 255 euros, mas é um preço ainda assim excessivo, face ao que podemos encontrar noutras marcas – desde a Orient (que é do grupo Seiko) à Citizen. Além disso, para quem olhe pare este relógio como um diver, é bom lembrar que a resistência à água é de 100 metros, quando por preço idêntico ou até inferior, conseguimos comprar relógios de mergulho com uns mais substanciais 200 metros de resistência à água.

O problema com os preços é relativamente recente. Falei aqui sobre um relógio desta gama há pouco tempo e, nessa altura, era um relógio à venda na Amazon por 205€, ainda por cima numa variante com bracelete em aço. Mas hoje, o mesmo modelo custa mais 50 euros – um aumento significativo num relógio com este preço.

Não sou o primeiro a apontar a escalada de preços nas gamas Seiko 5. Mas não deixo por isso de salientar esse facto, e lembrar que nem todas as marcas enveredaram por este caminho, pelo que é possível encontrar modelos B3 noutros pastagens.


03 abril, 2023

Ocean One GMT Titan premium Ceramic: O regresso do filho pródigo

 


Já por várias vezes aqui se escreveu que a Steinhart é uma das nossas marcas favoritas. Mas não há bela sem senão: nos últimos anos, a empresa alemã tem deixado de lado desenhos originais para se dedicar a hommages de Rolexes e Tudors... O que, quanto a mim, é algo que será lucrativo a curto prazo mas ruinoso a longo prazo. Mas cada um sabe de si, claro.

Uma das coisas que mais me chateou nos últimos tempos foi a marca descontinuar o Ocean One GMT, que deixou de aparecer no seu catálogo para ser substituído por... uma "homenagem", da qual de resto também já aqui se falou. E reconheço de que, desde que escrevi esse post, em 2020, até agora, a minha tolerância para estas hommages se reduziu substancialmente.

Foi por isso que, com grande surpresa e alegria, descobri que a Steinhart voltou a produzir o Ocean One GMT Titan premium Ceramic! No fundo, uma versão GMT do seu também original Ocean One Titanium 500. Sem saber mais do que qualquer um dos meus leitores, tenho a suspeição de que este volte-face se deve à súbita inundação do mercado com relógios GMT automáticos baseados em máquinas Seiko e Citizen.

Este Ocean One GMT Titan premium Ceramic é uma máquina com uma tremenda relação preço/qualidade, uma vez que oferece, por 740€, algo pelo qual muitos microbrands cobram mais de 1000€... mas, neste caso, usando um movimento GMT suíço!

Comecemos então por aí. O movimento escolhido pelos alemães da Steinhart foi o Sellita SW330-2, um clone melhorado do ETA 2893-2, e aqui alterado de forma a termos a janela de data às 6h00 em vez das 3h00 do calibre original. Mas a Steinhart não se ficou por aí, e selecionou a versão de topo deste movimento suíço, no acabamento Élaboré Premium e com o já tradicional rotor Steinhart dourado.

Este é um movimento high-beat que funciona a 4 Hz, ou seja, 28.800 alternâncias por hora, e que tem uma reserva de marcha igualmente melhorada, de 56 horas (a versão 330-1 oferecia apenas 42 horas). Este movimento tem também uma particularidade, que é a de ser relativamente fino, o que permite que este relógio tenha uma caixa com uns razoáveis 13 mm de espessura.

E por falar em caixa, o Ocean One GMT Titan premium Ceramic, como aliás o nome sugere, é produzido em titânio. O diâmetro é de 42 mm e a execução inclui – claro! – vidro de safira que, neste caso, recebeu um tratamento antirreflexo duplo do lado interior. A resistência à água, tal como no seu irmão sem GMT, é de 500 metros.

A luneta (bezel) inclui a escala de 24 horas para o quarto ponteiro e é produzida em material cerâmico, o que, em princípio, garantirá uma menor propensão para "atrair" riscos, como acontece em muitos casos, em que esta funcionalidade é fabricada em alumínio, muito menos resistente.    

Note-se que, em rigor, o novo movimento Myiota 9075 se pode considerar funcionalmente superior a este GMT suíço, uma vez que permite o acerto direto e independente do ponteiro das horas, enquanto que este apenas permite o acerto do quarto ponteiro com o segundo fuso horário. Mas... No mundo snob da relojoaria, "suíço" baterá (quase) sempre "japonês" num confronto direto. 

E, além disso, voltando ao que escrevi mais acima, este é um GMT que está a ser vendido por uns muito razoáveis 740€, quando encontramos micromarcas a esticarem-se de forma pouco razoável com movimentos japoneses GMT, como é o caso da Boldr e da já referida Gavox.

[Edit] está também disponível, pelo mesmo preço, uma versão deste relógio com caixa de 39mm.