Mostrar mensagens com a etiqueta mechanical. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta mechanical. Mostrar todas as mensagens

22 agosto, 2025

Casio EFK-100: o nome da contradição

 

Casio EFK-100



Para assinalar o 50.º aniversário da sua divisão de relógios, a Casio decidiu lançar várias edições especiais limitadas, todas de quartzo, bem como o seu primeiro relógio mecânico de sempre, o EFK-100


Quando vi pela primeira vez este relógio (com quatro variantes, consoante a cor do mostrador, preto, branco, azul e verde), tive duas reações contraditórias: por um lado, é um relógio muito bonito, que aparenta boa qualidade de construção e materiais (incluindo vidro de safira) a um preço bastante razoável (299€); por outro... automático? Para celebrar 50 anos de relojoaria... de quartzo?


Pior: para criar este modelo, a Casio decidiu comprar o banalíssimo movimento NH-35 da sua concorrente Seiko, o mesmo que podemos encontrar em milhões de relógios da marca japonesa e outros tantos milhões de microbrands espalhados pelo mundo. Sim, a Casio deu-lhe o nome de "Module 5755", mas é um NH-35 que, pelo que se pode ver através do fundo em vidro, nem sequer foi personalizado de forma a disfarçar... 


Sinceramente, não percebo a lógica. Tudo o que os fãs adoram na Casio é, precisamente, o de criar peças intemporais com movimentos de quartzo "in house", fiáveis e baratos. Assinalar um aniversário tão importante como este utilizando um movimento automático de um dos seus maiores concorrentes seria a última coisa que eu esperaria. E, no entanto, aqui estamos nós.


Se ignorarmos esta contradição, o que temos aqui é um relógio muito bonito, com excelente qualidade de construção aparente, caixa e bracelete em aço, resistência à água de 100 metros, mostrador com vidro de safira e fundo de observação em vidro.


O desenho do mostrador é particularmente feliz, com um aspeto texturizado em qualquer das suas variantes cromáticas, índices aplicados em todas as posições horárias à exceção das 6 horas, onde encontramos uma janela de data de dimensões corretas.


O resultado é um bonito dress watch com excelentes dimensões: 39mm de diâmetro, distância entre asas de apenas 43,5mm e espessura de 12,5mm.


O preço de referência, como já disse, é de 299€ e, sinceramente parece-me bem face ao oferecido. Mas... Um movimento Seiko dentro de um Casio...? Não sei...

08 junho, 2025

Tissot Heritage 1938 Automatic COSC: elegância discreta

 

Tissot Heritage 1938 Automatic COSC

Por vezes, a simplicidade é tudo o que procuramos num relógio. Normalmente, gosto de relógios com data, mesmo quando quebra a simetria do mostrador às 3h00, porque aprecio a informação adicional que me fornece. Mas isso é quando o relógio é um daily driver, um objeto de uso diário com objetivos decorativos, é certo, mas sobretudo práticos.


Este Tissot Heritage 1938 Automatic COSC é um pouco diferente. Imagino-me a usá-lo à noite ou em ocasiões um pouco mais formais. É uma peça de uma elegância discreta, mais uma recriação da marca suíça de modelos criados há muitas décadas, neste caso, em 1938.


Com um diâmetro de 39mm numa caixa em aço com fundo de observação em vidro, este relógio utiliza um movimento automático que recebeu certificação COSC, o que garante uma precisão superior e permite a utilização da designação "chronomètre". O mostrador, de desenho muito simples e com numerais arábicos em todas as posições, é protegido por vidro de safira com tratamento antirreflexo. Não existe qualquer aplicação de material luminescente. 


O relógio é vendido com uma bracelete em pele texturizada, havendo a opção de adquirir uma bracelete em aço de malha milanesa.


Existem variantes com mostradores de diferentes cores, mas o preço de referência é sempre o mesmo: 895 euros. 

25 agosto, 2024

Timex x The James Brand Automatic GMT

 

Timex x The James Brand Automatic GMT 

Não sabemos o que aconteceu na Timex, mas foi certamente algo de positivo. Desde os designers, aos responsáveis de marketing, tudo parece confluir num bom momento para a marca. E este novo modelo é disso um excelente exemplo.

Timex x The James Brand Automatic GMT, como o nome sugere, é um novo GMT. Mas, ao mesmo tempo, não se limita apenas a ser "mais um". A forma da caixa, em "barril", é em titânio, com bracelete integrada igualmente em titânio, vai buscar inspiração às criações da Timex dos anos 70.

O resto das especificações estão igualmente muito acima do que a Timex nos habituou ao longo dos anos: resistência à água até 200 metros, movimento automático Miyota 9075 "true GMT", vidro de safira com tratamento antirreflexo...

As proporções são igualmente corretas, com 41mm de diâmetro e 11mm de espessura. O desenho do mostrador, não sendo propriamente original, também não nos dá qualquer impressão de plágio e/ou hommage. Nos tempos que correm, já nem peço mais do que isso!

O preço, tendo em atenção os valores (nalguns casos excessivos) que os microbrands cobram, também me parece perfeitamente razoável, embora não propriamente barato: 750€. O problema? Trata-se de uma edição limitada, esgotada quer no website da marca, quer no TheJamesBrand, que colaborou com a Timex neste projeto.

A minha sugestão: se encontrarem algum à venda pelo preço de referência, é aproveitar! Este modelo é vendido numa caixa que inclui uma segunda bracelete, em resina.

14 agosto, 2024

Citizen Super Titanium NJ0180: o gigante acordou!

 

O revivalismo que a Tissot de certa forma inaugurou com os seus PRX (a reedição e/ou reinterpretação dos modelos dos anos 70 continua na ordem do dia) parece ter acordado a concorrência asiática. O que, no caso da Citizen, é decididamente algo que apreciamos.

A marca japonesa tem sempre sido vista pelos entusiastas como secundária face à Seiko, mas os seus últimos lançamentos mostram que a Citizen está disposta a bater-se por uma posição cimeira. Os novos  Forza (que também surgem como "Zenshin" em alguns websites regionais), são exemplo disso.
 
A gama consiste, para já, em três modelos, dois de quartzo (EcoDrive) e um mecânico, cada um com três variantes na cor do mostrador: azul (na foto), laranja e verde. Os primeiros dois são um cronógrafo e um "três ponteiros" tradicional, com dia e data; para o modelo automático, a Citizen criou o "pequenos segundos" com caixa em titânio que vos trago hoje, com a referência NJ0180-80L.

Sou sincero: é difícil identificar o que gosto mais neste relógio, porque este modelo está cheio de coisas boas e decisões acertadas. Diria que uma das mais óbvias é a bracelete integrada (esta gama não existe com pulseira de pele sequer) que, para o meu gosto, está mais bem conseguida do que a do Tissot PRX.

Depois, o mostrador está muito bem desenhado, com um equilíbrio excelente entre as posições do sub-mostrador de segundos, a janela da data, o logótipo da Citizen e as palavras "Automatic Titanium". Além disso, o fundo texturado e os índices aplicados oferecem um resultado muito mais premium do que o relativamente modesto preço de referência (429€!) deixaria antever.

O resto da execução devia fazer corar de vergonha a Seiko, onde parece ser preciso gastar mais de 500€ para termos direito a vidro de safira. Aqui, faz parte do pacote, numa caixa (e bracelete) em titanio com umas dimensões basicamente perfeitas para um dress watch: 40,5mm de diâmetro e 11,5 de espessura. A resistência à água é de 10 atmosferas, perfeitamente aceitável para um relógio deste tipo.

Onde a Citizen poupou dinheiro foi no movimento usado. Este é o movimento 8213, que funciona a 3 Hz e não tem a nobreza de um high beat da série 9. Mas, por 429 euros, estou disposto a aceitar o compromisso!

06 julho, 2024

Vostok Europe N1 Rocket GMT: pronto para a aventura

 


Quando, no final de 2022, falei com Igor Zubovskij, o CEO da Vostok Europe, ele disse-me que a marca tinha previsto o lançamento para breve dos primeiros modelos GMT baseados no movimento Seiko NH34.

Demorou algum tempo, mas o distribuidor nacional da marca, a SRI, já tem disponíveis os primeiros exemplares, que nos surgem através da coleção N1 Rocket: o NH34-225A713, com mostrador bege (na foto) e o NH34-225A712, com mostrador azul.

Gosto muito de ambos, embora o primeiro dê uma vibe um pouco mais aventureira, que me agrada bastante. Além da cor, a principal diferença é que enquanto o azul tem superluminova nos índices e ponteiros,  no bege é todo o mostrador que é luminescente, sendo a leitura dada por contraste:


Há outros detalhes interessantes neste GMT. O principal será talvez o bisel rotativo. Este é um relógio com caixa resistente até 200 metros no qual foi mantida a funcionalidade tradicional do bisel, de controlo do tempo de mergulho; ora em muitas outras implementações, mesmo em relógios também (supostamente) de mergulho, o que tenho visto é este bisel passar a exibir uma escala de 24 horas.

Não retiro o interesse desta última abordagem, porque permite, na prática, a leitura de um fuso horário adicional. Mas respeito o que a Vostok Europe aqui fez, porque não é isso que impede a funcionalidade GMT, ao mesmo tempo que preserva a identidade do relógio e o seu caráter de tool watch.

A caixa é semelhante a outros N1 Rocket de 3 ponteiros, mas o mostrador, além do terceiro ponteiro, ganhou também uma escala concêntrica de 24 horas, de forma a permitir a leitura do segundo fuso horário.



Infelizmente, apesar de eu adorar o resultado final, este é um relógio demasiado grande para mim, com a sua caixa de 46mm de diâmetro. Mas, para quem tenha um pulso compatível com estas dimensões, o pacote é irresistível... até porque o seu preço também o é: apenas 389 euros. Que, para um relógio com estas características e o habitual nível de execução da marca, me parece uma verdadeira pechincha.


15 maio, 2024

Followay FM1 Groundbreaking: português e com alma

 

Followay FM1 Groundbreaking

O tempo não tem abundado e estou em falta para com o João Dias, o criador da marca portuguesa Followay, que tão simpaticamente chegou até ao Relógios B3 e me disponibilizou durante algumas semanas uma unidade do seu FM1 Groundbreaking para análise.

Antes de falarmos do FM1, vale a pena falarmos primeiro da Followay. Esta não é a primeira nem será certamente a única marca "portuguesa". Mas creio que é a primeira marca portuguesa... sem aspas! A distinção é importante, porque nos tempos que correm, basicamente qualquer pessoa pode criar uma marca de relógios, registá-la em Portugal e dizer que tem uma "marca de relógios portuguesa"... ainda que, depois use movimentos japoneses (o que é aceitável) e mande fazer as caixas na China (o que já é menos aceitável).

Admito que não sou suficientemente conhecedor para garantir que assim é com todas as marcas que se apresentam ao mercado como sendo "portuguesas", mas posso afirmar que o contrário é verdade no caso da Followay: à exceção do movimento, o popular SII (Seiko) NH35A, tudo o resto é feito em Portugal.

João Dias, o jovem de 22 anos responsável pela Followay, explica que a paixão pelos relógios surgiu bem cedo na sua vida, quando a sua tia lhe ofereceu um Casio, tinha ele 7 anos. Assume uma "alma de artesão e de empresário" e, quando decidiu avançar para este projeto, fez questão que tudo (ou tanto quanto possível) fosse produzido em Portugal.

Um relógio diferente

Pode ou não gostar-se deste primeiro modelo da Followay, mas uma coisa é certa: nunca vimos algo parecido! O que mais chama a atenção é efetivamente a caixa, um monobloco em aço maquinado, acabado e polido manualmente e no qual há uma integração total das asas que prendem a bracelete.

As dimensões também não são usuais. Não pelos 40 mm de diâmetro, mas pelas proporções entre o mostrador e a luneta. Outra particularidade é o facto de o fundo da caixa ser perfeitamente plano – incluindo as asas. Este foi um aspeto que me preocupou ao ver as fotos, porque achei que não ia ser muito confortável em termos de utilização diária. Além disso, as asas têm um espaçamento pouco usual para um relógio destas dimensões, de apenas 16mm, o que me fez ainda mais soar os alarmes.

Contudo, a verdade é que nada disto tem impacto na utilização do relógio no dia a dia, tal como confirmei durante o tempo que convivi com ele. Pelo contrário, achei a utilização diária do relógio bastante confortável!

Na prática, é outra particularidade do relógio que mais senti que poderá ter impacto no conforto de utilização (embora não no meu caso): a coroa. Uma vez mais, é uma coroa que foi desenhada pelo João Dias especialmente para este relógio, mas acho que é demasiado grande (não em diâmetro, mas em comprimento) para o relógio. Confrontei o criador do FM1 como este detalhe mas ele confessou-me que era uma das coisas que mais gostava no relógio, pelo que não será certamente algo que irá mudar.

Especificações

A Followay gosta mesmo de fazer as coisas à sua maneira e outra particularidade que não se vê normalmente noutros projetos é o mostrador. João Dias escolheu o alumínio e, para a cor (cinza escuro) deu-lhe um tratamento anodizado; a aplicação dos índices é feita de forma a deixar surgir o alumínio brilhante por baixo. O resultado é uma textura interessante e que seria difícil de obter de outra forma.

O vidro, totalmente plano, é de safira. E, como já foi referido acima, a bracelete é de pele, com uma fivela convencional.

As especificações podem ser consultadas no website da marca, aqui. Confirmei o diâmetro da caixa e a largura da bracelete indicadas (40mm / 16mm) mas registei também outras: espessura de 12,4mm e peso de 86,76 gramas, bracelete incluída. A caixa tem uma resistência à água de 50 m.

Conclusão

Pessoalmente, o resultado (estético) do Followay não é algo que me agrade. Há detalhes que sinto que podiam (e, uma vez que estão previstas apenas 200 unidades do relógio, as quais serão produzidas à medida das encomendas, ainda podem) ser alteradas. O aspeto mais flagrante é a posição e dimensões do logótipo da marca: penso que podia ser menor e estar colocado às 12h00 e não às 6h00, onde já encontramos a janela da data. 

Contudo, tal não desvirtua o resultado final. Consigo entender as virtudes do projeto e creio que ele tem lugar no mercado. A originalidade deste modelo e o facto de quase tudo ser produzido em Portugal – especialmente a caixa – tem um apelo que muitos acharão irresistível.

Resta o preço. Tudo isto custa dinheiro, claro. E é aqui que julgo que o Followay FM1 Groundbreaking tropeça um pouco. O relógio custa 576€. Mas eu sei que o FM1 vale o que custa, porque esse é o preço da manufatura em pequena escala e em Portugal, mas também o preço de sabermos que temos no pulso algo único e original.
 
Podia ser mais barato? Podia, se fosse todo feito na China. Mas, nesse caso, tínhamos que voltar a colocar as aspas nesta marca 100% portuguesa.
 
O Followay FM1 Groundbreaking está á venda em Lisboa, na ourivesaria Camanga, e em Gaia, na Watch Garage.

Galeria

Followay FM1 Groundbreaking
Followay FM1 Groundbreaking

Followay FM1 Groundbreaking

Followay FM1 Groundbreaking



Followay FM1 Groundbreaking

Followay FM1 Groundbreaking
Followay FM1 Groundbreaking


07 abril, 2024

MAEN Brooklin 36: quando um Panda não é um Panda

MAEN Brooklin 36

Esta é a primeira vez que vos falo da MAEN, uma jovem marca sueca fundada por dois neerlandeses. Mas a julgar pela criações que podemos encontrar no website da marca, julgo que vale bem a pena descobrirmos um pouco mais a sua gama, a começar por este Brooklin 36.

Trata-se de um interessante dress watch de dimensões modestas (36mm de diâmetro, como seu nome sugere), mas excelentes proporções, cortesia de um mostrador criado em torno do movimento Miyota 9122, um high-beat (4 Hz) automático com função de triplo calendário: dia do mês na janela às 6h00, dia da semana no sub-mostrador às 9h00 e mês às 3h00.

O resultado é mostrador "panda" mas sem a complicação de cronógrafo, como assumiríamos à partida; ou seja, um panda que não é um panda... mas acaba por ser um panda. :-)

A caixa, em aço 316L e com resistência à água de 5 atmosferas, é relativamente fina, com apenas 11,1mm de espessura, que cresce ligeiramente até aos 12,6mm se incluirmos o vidro de safira abobadado com revestimento antirreflexo. O conjunto é completado por uma bracelete de 5 links também em aço.

Gosto imenso do resultado final, e a marca tem diversas variantes deste modelo, todas ao mesmo preço, com diferentes cores e contrastes.

A gama Brooklin 36 encontra-se em fase de pré-venda, com entregas previstas para maio deste ano. A aquisição só pode ser feita diretamente a partir do website do fabricante. O preço, um pouco puxado para uma marca sem grande história e com um movimento que, apesar de excelente, não é suíço, é de 849€.


 

02 janeiro, 2024

Seiko 5 Sports Field Sports GMT: 2024 em grande

 



O Ano Novo começa bem, com o lançamento de uma versão GMT do Seiko 5 Sports Field! Este relógio tem a referência SSK023K1, e acrescenta a complicação de segundo fuso horário ao já excelente SRPG27, com um resultado que é (para mim) claramente superior ao original.

Face ao modelo de partida, este novo GMT da Seiko retém o excelente desenho de elevada legibilidade, com numerais arábicos em todas as posições horárias, exceto às 15h00, incluindo a escala militar de 24 horas.

As principais alterações estéticas, mas também funcionais, são a troca da complicação de dia/data pela de data (que é a única incluída no movimento NH34/4R34 aqui usado); esta alteração tem também como resultado a manutenção da escala de 24 completa, com "15" às 3 horas. Temos depois a adição de uma luneta com escala de 24 horas e ponteiros que mantêm a estética do field original mas, claro, com um quarto ponteiro para o segundo fuso horário.

As proporções são também (quase) as mesmas do modelo original, com caixa de exatamente 39,4mm de diâmetro. No entanto, a distância entre as asas ("lugs") superiores e inferiores foi ligeiramente reduzida em 2 mm (de 48,1 para 47,9mm) ao mesmo tempo que a espessura foi aumentada em 4mm, devido à necessidade de acomodar o novo movimento, sendo agora de 13,6mm. 

A resistência à água até 100m mantém-se, o que me parece razoável para um field watch

O que não se mantém é o preço, infelizmente... O PVP de referência para o SRPG27 é de 330€, mas sobe para uns substanciais 490€ no caso deste novo SSK023K1. Claro que vamos poder encontrar este relógio mais barato na Amazon e noutros sites online, mas só passados uns meses após o seu lançamento, agendado para este mês de janeiro. 

Neste momento, o SRPG27 pode ser encontrado na Amazon.es por cerca de menos 90€ do preço de referência! Imagino que o mesmo venha a acontecer com o novo modelo, pois foi exatamente o que sucedeu quando a Seiko lançou, em 2022, o SSK00x GMT com um PVP de referência de 520€, mas que hoje pode ser adquirido por cerca de 100€ menos.

A minha previsão é que, no final deste ano, o possamos comprar por um preço da ordem dos 400€ ou menos. Pessoalmente, não sei se resistirei tanto tempo à tentação... :-)

04 dezembro, 2023

Gavox Longitude Sapphire: o GMT mais belo

 

Já há anos que não referencio nenhum Gavox, mas falei "de raspão" no Longitude há cerca de um ano, a propósito da primeira vaga de relógios GMT que estavam a chegar ao mercado, baseados no movimento Miyota 9075.

A boa notícia é que não só o relógio chegou entretanto, como está a ser vendido a um preço abaixo do valor do lançamento, custando neste momento (Dezembro de 2023) 850€, com compra a partir do site da marca e portes grátis para Portugal.

Vou ser sincero: de todos os GMT baseados neste movimento que vi até agora, este é - de longe - aquele que mais me agrada. O relógio é lindo! Desde o original mostrador azul texturado, à belíssima bracelete integrada na caixa, ao bisel bidirecional de 24 horas, passando pela elegância da janela de data às 6h00 e terminando na resistência à água até 200 metros.

É difícil inventar a roda, mas o resultado é um conjunto que, apesar de integrar algumas referências conhecidas (o bisel, apesar de original, lembra o do Rolex Explorer) é 100% original e fresco.

Não sou grande fã da ideia do "one watch collection" (uma contradição em si mesmo...), mas para quem isso faça sentido, não tenho dúvidas: este pode ser esse relógio! Consigo imaginá-lo como um daily driver capaz de ser usado em ocasiões formais e, ao mesmo tempo, estar pronto para todas as aventuras.  

27 novembro, 2023

Citizen Tsuyosa: elegante e automático


Sinceramente, acho que a Citizen é uma das marcas mais sub-apreciadas da indústria relojoeira, especialmente quando a comparamos com a sua rival japonesa Seiko. Julgo que isso se deve ao facto de que esta se concentrou em criar relógios mecânicos baratos e, desta forma, conquistou o coração dos entusiastas, enquanto a aquela sempre apostou mais em movimentos de quartzo, nomeadamente o lendário EcoDrive, no qual a pilha é recarregável e alimentada pela luz.

Contudo, a Citizen nunca deixou de apostar nos movimentos mecânicos, muito embora seja mais conhecida pelas máquinas que fornece a milhares de marcas independentes em todo o mundo, através da sua subsidiária Myiota, que tem criado movimentos fantásticos, quer de quartzo quer automáticos, em diferentes gamas de qualidade e preço.

Mas desde 2022 que temos assistido a um esforço por parte da marca em criar relógios automáticos de qualidade a baixo preço, utilizando os seus próprios movimentos. É um destes esforços que hoje aqui vos trago, sob a forma do Tsuyosa, um elegante dress watch automático de excelente design e com um preço também ele muito bom.

Quero começar pelo nome que, parecendo que não, é importante. Julgo que a marca fez uma boa opção ao baptizar este relógio em vez de usar um conjunto genérico de números e letras. É assim que se criam marcas e se cultiva a lealdade dos clientes. Além disso, o nome não só é bonito como significa, em japonês, "força" e "poder/energia").

O relógio tem proporções muito boas, com caixa de 40mm e espessura de 11,7mm (resistência à água de 50m). A coroa surge às 4h00, que é o detalhe que menos me agrada; trata-se de algo que faz sentido em relógios de dimensões maiores, para ser mais prático de usar, mas não tanto aqui, além de quebrar um pouco a simetria do conjunto.

Contudo, não será um deal breaker para a maioria dos potenciais interessados. Até porque o resto do conjunto tem tudo para agradar, incluindo mostrador com vidro de safira e fundo roscado com vidro para observação do movimento. Todas as variantes têm bracelete em aço que se integra perfeitamente com a caixa, de clara inspiração "anos 70".

O mostrador é simples e bem desenhado, com índices nas posições horárias e janela de data, com lente, às 3h00. Em todas as variantes, índices e ponteiros têm tratamento luminescente para brilho no escuro. O movimento usado é o calibre Citizen 8210

Existem diferentes opções de cor. Esta da foto, em azul, é a referência NJ0150-81L. Mas há outras cores, nomeadamente preto, verde, amarelo, azul turquesa e azul "sun burst". O preço de referência de todas estas variantes é de uns super-razoáveis 289€. Por mais dez euros, há uma versão com mostrador cinza e caixa e bracelete em aço/dourado. Por 310€, a marca propõe uma variante com caixa e bracelete totalmente em dourado e mostrador vermelho "sun burst".


12 novembro, 2023

Timex Expedition North® Titanium Automatic: no bom caminho

 

Não faço ideia de que tipo de substâncias anda o pessoal da Timex a consumir, mas parecem ser de boa qualidade! O novo Expedition North da marca é apenas um de vários novos modelos que indicam uma viragem da marca no sentido de produzir relógios com (bastante) mais qualidade do que até agora. 

Vale a pena começar pelas especificações: caixa em titânio com acabamento beadblasted, vidro de safira, resistência à água até 200 metros, movimento mecânico automático e fundo de observação em vidro. A bracelete é têxtil, produzida a partir de plástico oceânico reciclado. Tudo isto por um PVP (a partir do site europeu da marca) de 349€, que pode ainda receber um desconto de 15%, se o visitante do site se inscrever para receber a newsletter da marca.

Nada disto significaria coisa alguma caso o resultado fosse um desastre. Mas não é. O mostrador é extremamente bem desenhado, com numerais arábicos bem legíveis (e luminescentes no escuro) em todas as posições exceto às 12 e às 3 horas, onde encontramos uma janela de data.

O equilíbrio do conjunto é complementado pela excelente escolha das dimensões. O diâmetro da caixa é de 41mm e a espessura é de 12,5. O resultado é um field watch onde nada parece ter sido deixado ao acaso.

Já aqui no blogue critiquei, no passado, a Timex por apresentar relógios com movimento automático a preços que me pareceram excessivos, mas nada neste modelo me impede de considerar que estamos na presença de um produto com uma excelente relação qualidade/preço.

Em breve, trarei ao blogue outros Timex recentemente lançados e que confirmam a seriedade com que a marca está a encarar a sua posição no mercado.  


24 junho, 2023

Orient Mako RA-AA0818L19B: à terceira é de vez

 


A nomenclatura inescrutável da Orient tem levado a comunidade de entusiastas, ao longo dos anos, a criar os seus próprios nomes memoráveis para cada uma das gamas da marca japonesa, independente mas parte do grupo Seiko desde 2008.

É assim com a gama Kamasu, de que falei há relativamente pouco tempo, do Bambino (idem), do Ray e, claro, do lendário Mako.

O modelo que voz trago hoje tem a referência RA-AA0818L19B (!) mas ficará certamente conhecido pelo nome de Mako III, visto tratar-se da terceira geração deste modelo. O Mako distingue-se facilmente dos outros relógios de mergulho da Orient pelo facto de usar numerais nas posições 12, 6 e 9, com janela de dia e data às 3h00.

Esta última iteração do Mako traz consigo melhorias significativas face aos anteriores modelos, sendo a mais óbvia a utilização de vidro de safira no mostrador. É algo que a Orient parece estar a fazer em cada nova geração das suas coleções, o que se saúda, claro, tanto mais que a casa-mãe (Seiko) continua a insistir no vidro mineral endurecido (hardlex) até mesmo em relógios que custam o dobro de modelos Orient equivalentes.

Outra alteração é o bisel unidirecional rotativo, cujo movimento foi melhorado, sendo agora de 120 cliques, ou seja, dois por cada minuto no mostrador. As proporções mantêm-se praticamente inalteradas, com caixa de 40,5 mm. O movimento é o automático Orient F6992, usado desde a segunda geração Mako, e que permite paragem de segundos ("hacking") e corda manual. Ao contrário do que acontecia na primeira geração Mako, com um poussoir às 2h00 para a data, todo o movimento é controlado por uma única coroa às 3h00.

Este modelo ainda não se encontra nem no website oficial da marca, nem sequer para venda na Amazon, mas não há-de faltar muito. Outras lojas online, como a Tuswatches, estão a vendê-lo por cerca de 250€, quando o preço de referência da marca parece ser de 400€. Ou seja, como sempre quando falamos da Orient, um excelente negócio.

Há ainda variantes de cor, nomeadamente branco/champanhe, bordeaux e preto.

   

28 maio, 2023

Nodus Sector GMT Pacific: dos EUA, com amor

 


A Nodus é uma micromarca baseada em Los Angeles, EUA, que acho que vale a pena explorarmos. É verdade que só vende a partir do seu website norte-americano, o que significa que iremos ter de pagar impostos à chegada a Portugal. Mas, com os preços que pratica, acho que mesmo assim pode bem valer a pena!

O modelo que vos trago hoje é um GMT que está temporariamente esgotado, mas prevê-se que volte a estar disponível a partir de julho (de 2023). E não admira: por apenas 450 dólares (!) temos aqui uma peça que transpira qualidade e com um desenho original e muito bem conseguido.

Este é um relógio baseado no menos sofisticado dos novos movimentos japoneses GMT para OEMs, o TMI (Seiko) NH34. Basicamente, trata-se de um NH35 ao qual foi adicionada a complicação de segundo fuso horário através de um quarto ponteiro que pode ser acertado separadamente.

No entanto, o movimento é conjugado com uma execução de nível elevado, incluindo caixa em aço de 38 mm de diâmetro com resistência à água até 100 metros e vidro de safira com revestimento antirreflexo interior. O desenho do mostrador é particularmente feliz, com numerais arábicos em todas a posições horárias, exceto às 6h00, onde foi colocada a janela da data (que no movimento original está às 3h00). Uma escala concêntrica de 24 horas serve o ponteiro que indica o segundo fuso horário. 

O resultado é um relógio deportivo e, ao mesmo tempo, dressy, que pode ser utilizado numa variedade de ocasiões. 

O modelo da foto é o GMT Pacific, com mostrador azul de excelente efeito. Existe também uma variante com mostrador cinza escuro, designada Metro, que está igualmente esgotada.

Como disse no início, parece-me uma excelente proposta em termos de relação preço/qualidade/funcionalidade dados os 450 dólares pedidos... e mesmo que chegue até nós mais caro. Porquê? Porque é mais original e oferece mais qualidade do que a implementação da própria Seiko.  

17 abril, 2023

Deep Star 1000 Vintage Swiss Automatic: suíço, mas B3

 


A Deep Blue é um microbrand fundado nos EUA em 2007. A empresa focou-se desde o início em tools watches de mergulho, e é sobretudo esse o tipo de relógios que encontramos ainda hoje nas suas diferentes gamas de produto.

Agora que o tempo está mais quente e convida a mergulhar, nada melhor do que sugerir o Deep Star 1000 Vintage Swiss Automatic. Esta gama inclui diversos relógios, com diferentes cores de mostrador, e todos com um preço-canhão de apenas 436€.

Poderão dizer-me que isso não é propriamente um preço interessante, dadas as opções em marcas como a Seiko ou a Orient. Mas é preciso ver melhor a folha de especificações: movimento suíço Sellita SW-200, um clone high-beat do lendário ETA 2824, 300 metros de resistência à água e mostrador protegido por vidro de safira.

O PVP indicado é o do relógio com bracelete em borracha de silicone, e inclui já portes para Portugal; o da imagem, com bracelete em malha milanesa, fica por mais 50€.

Este é um relógio um pouco grande de mais para o meu pulso (44mm de diâmetro e 15mm de espessura), mas que está em linha com muitos relógios de mergulho com especificações semelhantes. O desenho do mostrador não é propriamente original, mas também não ofende... O único aspeto que me agrada menos foi a decisão de colocar a janela de data na posição das 4h30.

Caso queiram encomendar, atenção: é preciso usar o website europeu, para evitar problemas com portes, impostos e alfândega.


10 abril, 2023

Seiko 5 SRPD79: barato, ou nem por isso?

 


Ao longo dos anos, este blog falou de imensos Seiko 5 – provavelmente a mais popular linha do fabricante japonês.

Venho hoje novamente falar num deste modelos, não por ser particularmente interessante, mas como pretexto de uma reflexão sobre o que tem estado a acontecer com a Seiko. 

E o que é que tem estado a acontecer com a Seiko? Bem, anda cada vez menos interessante em termos de preços. Veja-se este Seiko 5, com a referência SRPD79. O relógio é bonito (há inúmeras variantes, mas escolhi esta toda em preto, não por me agradar particularmente, mas porque é um pouco mais original), mas segue de perto as principais características da gama.

Entre estas encontramos o movimento automático 4R36, que oferece paragem de segundos (“hacking”) e possibilidade de corda manual, com dia e data às 3h00. O resto da execução é semelhante a dezenas de variantes da gama Seiko 5, designadamente caixa em aço com resistência à água de 100 metros, 42,5mm de diâmetro e coroa colocada às 4h00 – uma decisão estética, mas do que funcional. O fundo é de vidro, permitindo desta forma a visualização do movimento.

Neste caso concreto, a bracelete é de nylon, tipo NATO, mas há inúmeras variantes com diversos tipos de braceletes, incluindo aço, e mostradores de outras cores. O vidro do mostrador é mineral endurecido e o bisel para controlo do tempo de mergulho é unidirecional.

Nada tenho contra este relógio em particular… exceto o preço. O preço de referência (que é o que encontramos na maior parte das ourivesarias) é de 390€, o que me parece francamente alto.

A Amazon Espanha vende este modelo por 255 euros, mas é um preço ainda assim excessivo, face ao que podemos encontrar noutras marcas – desde a Orient (que é do grupo Seiko) à Citizen. Além disso, para quem olhe pare este relógio como um diver, é bom lembrar que a resistência à água é de 100 metros, quando por preço idêntico ou até inferior, conseguimos comprar relógios de mergulho com uns mais substanciais 200 metros de resistência à água.

O problema com os preços é relativamente recente. Falei aqui sobre um relógio desta gama há pouco tempo e, nessa altura, era um relógio à venda na Amazon por 205€, ainda por cima numa variante com bracelete em aço. Mas hoje, o mesmo modelo custa mais 50 euros – um aumento significativo num relógio com este preço.

Não sou o primeiro a apontar a escalada de preços nas gamas Seiko 5. Mas não deixo por isso de salientar esse facto, e lembrar que nem todas as marcas enveredaram por este caminho, pelo que é possível encontrar modelos B3 noutros pastagens.


03 abril, 2023

Ocean One GMT Titan premium Ceramic: O regresso do filho pródigo

 


Já por várias vezes aqui se escreveu que a Steinhart é uma das nossas marcas favoritas. Mas não há bela sem senão: nos últimos anos, a empresa alemã tem deixado de lado desenhos originais para se dedicar a hommages de Rolexes e Tudors... O que, quanto a mim, é algo que será lucrativo a curto prazo mas ruinoso a longo prazo. Mas cada um sabe de si, claro.

Uma das coisas que mais me chateou nos últimos tempos foi a marca descontinuar o Ocean One GMT, que deixou de aparecer no seu catálogo para ser substituído por... uma "homenagem", da qual de resto também já aqui se falou. E reconheço de que, desde que escrevi esse post, em 2020, até agora, a minha tolerância para estas hommages se reduziu substancialmente.

Foi por isso que, com grande surpresa e alegria, descobri que a Steinhart voltou a produzir o Ocean One GMT Titan premium Ceramic! No fundo, uma versão GMT do seu também original Ocean One Titanium 500. Sem saber mais do que qualquer um dos meus leitores, tenho a suspeição de que este volte-face se deve à súbita inundação do mercado com relógios GMT automáticos baseados em máquinas Seiko e Citizen.

Este Ocean One GMT Titan premium Ceramic é uma máquina com uma tremenda relação preço/qualidade, uma vez que oferece, por 740€, algo pelo qual muitos microbrands cobram mais de 1000€... mas, neste caso, usando um movimento GMT suíço!

Comecemos então por aí. O movimento escolhido pelos alemães da Steinhart foi o Sellita SW330-2, um clone melhorado do ETA 2893-2, e aqui alterado de forma a termos a janela de data às 6h00 em vez das 3h00 do calibre original. Mas a Steinhart não se ficou por aí, e selecionou a versão de topo deste movimento suíço, no acabamento Élaboré Premium e com o já tradicional rotor Steinhart dourado.

Este é um movimento high-beat que funciona a 4 Hz, ou seja, 28.800 alternâncias por hora, e que tem uma reserva de marcha igualmente melhorada, de 56 horas (a versão 330-1 oferecia apenas 42 horas). Este movimento tem também uma particularidade, que é a de ser relativamente fino, o que permite que este relógio tenha uma caixa com uns razoáveis 13 mm de espessura.

E por falar em caixa, o Ocean One GMT Titan premium Ceramic, como aliás o nome sugere, é produzido em titânio. O diâmetro é de 42 mm e a execução inclui – claro! – vidro de safira que, neste caso, recebeu um tratamento antirreflexo duplo do lado interior. A resistência à água, tal como no seu irmão sem GMT, é de 500 metros.

A luneta (bezel) inclui a escala de 24 horas para o quarto ponteiro e é produzida em material cerâmico, o que, em princípio, garantirá uma menor propensão para "atrair" riscos, como acontece em muitos casos, em que esta funcionalidade é fabricada em alumínio, muito menos resistente.    

Note-se que, em rigor, o novo movimento Myiota 9075 se pode considerar funcionalmente superior a este GMT suíço, uma vez que permite o acerto direto e independente do ponteiro das horas, enquanto que este apenas permite o acerto do quarto ponteiro com o segundo fuso horário. Mas... No mundo snob da relojoaria, "suíço" baterá (quase) sempre "japonês" num confronto direto. 

E, além disso, voltando ao que escrevi mais acima, este é um GMT que está a ser vendido por uns muito razoáveis 740€, quando encontramos micromarcas a esticarem-se de forma pouco razoável com movimentos japoneses GMT, como é o caso da Boldr e da já referida Gavox.

[Edit] está também disponível, pelo mesmo preço, uma versão deste relógio com caixa de 39mm.

26 março, 2023

Orient Bambino v4: refinamento asiático

 




A última vez que falámos aqui do Orient Bambino foi em 2016. Este elegante dress watch mantém-se ainda hoje em catálogo na gama da Orient (que faz parte do grupo Seiko desde o final de 2008) e vai agora na sua quarta geração –  mas mantendo todas as características que o tornaram popular, nomeadamente o movimento mecânico automático "in house" (ou seja, produzido pela própria marca) com três ponteiros e data às 3h00 e um mostrador simples com índices em todas as posições horárias.

A nova geração é ligeiramente mais pequena do que a anterior, com caixas de 38,4mm de diâmetro contra as anteriores de 40,5 mm, que vai ao encontro de uma tendência da indústria de propor caixas um pouco menores do que tem sido hábito nos últimos anos, sobretudo no setor dos dress watches.
A marca mantém ainda estes relógios com caixa de 40,5mm, mas apenas em variantes com bracelete em aço, e não em pele.

O movimento usado é o Orient F6724, que oferece paragem de segundos ("hacking") e corda manual, o que nem sempre aconteceu no passado com os movimentos da marca usados em modelos mais acessíveis.

Face à geração anterior, os ponteiros são também mais bonitos e os índices, agora, surgem aplicados no mostrador, e não apenas desenhados. A execução inclui caixa em aço com apenas 3 atmosferas de resistência à água (salpicos e poucos mais) e fundo em vidro para observação do movimento de 22 rubis.

No momento em que escrevo estas linhas surgem apenas quatro variantes no website oficial da marca: esta, com mostrador beige e bracelete em pele castanha, que é o meu preferido (ref.ª  RA-AC0M04); mostrador branco e bracelete preta (ref.ª RA-AC0M03S); mostrador preto (ref.ª RA-AC0M02B); e a que é menos do meu agrado, com caixa em plaqué dourado (ref.ª RA-AC0M01S).

O melhor de tudo é que a Orient continua com os preços como sempre teve, isto é, muito competitivos face à concorrência e, até, a modelos comparáveis da casa-mãe Seiko. Na Amazon Espanha encontrei variantes desta gama a 179 euros, o que me parece um valor francamente muito bom.

26 novembro, 2022

Zeppelin 8666-1: viajar em grande estilo

 

No artigo anterior falei dos novos relógios baseados no excelente movimento GMT Miyota 9075. No entanto, só agora soube a que a Pointtec lançou entretanto mais um modelo com este movimento na sua gama 100 Anos Zeppelin, a referência 8666-1, mesmo a tempo de assinalar os 20 anos de criação da marca.

À semelhança dos modelos 8468 na gama Atlantic da marca alemã, também este tem um preço muito competitivo de 499€  ̶  o mais barato que até agora encontrei baseado neste movimento. No entanto, e ao contrário daqueles, acho este modelo mais bonito, com a estética Art Déco que outros relógios nesta gama já tinham inaugurado.

Enquanto outras propostas com a complicação GMT optam por relógios de mergulho ou claramente posicionados como companheiros de aventura, a abordagem da Zeppelin neste seu modelo foi claramente mais dressy, com um mostrador clássico, que oferece numerais arábicos nas posições pares e uma janela de data às 3 horas com proporções corretas.

Os pontos junto às posições horárias oferecem luminescência no escuro, mas não há qualquer aplicação de "lume" nos ponteiros. Este são de cor negra, à exceção do ponteiro do segundo fuso horário, que é azul. 

A caixa, em aço e com fundo em vidro para observação do movimento, tem resistência à água de 5 atmosferas. O seu diâmetro de 42mm parece menor do que a foto sugere, porque a bracelete em pele castanha é fixa através de asas com um espaçamento generoso de 22mm, o que contribui para a ilusão ótica. Infelizmente, não temos direito a vidro de safira, mas apenas a vidro mineral tipo "K1" (equivalente ao "hardlex" da Seiko).

O mostrador, prateado, tem um desenho de tripla escala: horas na posição mais concêntrica; minutos/segundos numa posição acima dessa; e, finalmente, uma escala de 24 horas no extremo da circunferência, para onde aponta o quarto ponteiro. 

Nesta implementação, sem qualquer bisel, não é possível termos dois fusos horários adicionais, mas apenas um. Contudo, e como já explicámos anteriormente, este é um movimento GMT "verdadeiro", no qual é possível acertar de forma independente o ponteiro das horas, e não apenas movimentar o ponteiro adicional do segundo fuso horário.

Ao contrário de outros microbrands, a Pointtec produz a maioria dos seus relógios na Alemanha, sendo este em particular montado na sua fábrica na cidade de Ruhla. A Zeppelin é vendida em Portugal através da SRI, que tem uma loja online. Está também disponível via Amazon.

08 outubro, 2022

Miyota 9075: finalmente um Travel GMT para todos!

 


O relógio da imagem, um Bulova Wilton GMT, é o primeiro de muitos que irão agitar o mercado durante os próximos tempos: um verdadeiro GMT mecânico automático com as funcionalidades de relógios de milhares de euros, mas vendido a um preço bem mais comedido.

O culpado de tudo isto é o novo movimento Miyota (Citizen) 9075 que oferece a qualquer marca a possibilidade de criar relógios com duplo fuso horário com base num movimento automático. No entanto, este novo movimento, e ao contrário do que acontece com o muito mediatizado SII (Seiko) NH34, que já deu origem aos primeiros relógios da marca japonesa, este é um "True GMT" (ou "Travellers GMT", para utilizar a terminologia dos entusiastas mais snobs).

A diferença entre um "verdadeiro" GMT e a funcionalidade de duplo fuso horário implementada pela Seiko no seu NH34, é que neste último é o terceiro ponteiro (exatamente o ponteiro do segundo fuso horário) que podemos facilmente movimentar de forma independente; já no Miyota 9075, podemos acertar o ponteiro das horas "normal" de forma independente, mantendo o ponteiro dos minutos na sua posição original.

Não contente por ser a primeira a oferecer esta funcionalidade a qualquer marca, a divisão OEM da Citizen foi ainda mais longe e implementou-a num movimento da sua gama de topo (9000 series), pelo que este é, ainda por cima, um movimento "high beat" cujo ponteiro dos segundos se move à velocidade de 4Hz, ou seja, 28.800 alternâncias por hora (contra 3Hz/21.600 no caso do Seiko).

Até agora, relógios com esta funcionalidade eram baseados em movimento suíços, mas custavam mais de 1000 euros. No entanto, como veremos neste artigo, o mercado está prestes a ser inundado de propostas abaixo desse valor e, nalguns casos, por cerca de metade do preço!

Vejamos então o que é que o mercado nos reserva já este ano, com diferentes projetos baseados em torno desde novo movimento:

Bulova Wilton GMT



Como já vimos no início do artigo, este foi o primeiro modelo a chegar ao mercado, e não admira: para os mais distraídos, é bom lembrar que a Bulova pertence ao grupo Citizen desde 10 de janeiro de 2008. A marca optou por criar um verdadeiro dress watch GMT, com um mostrador elegante que, infelizmente, utiliza numerais romanos, de que eu não gosto particularmente.

A conjugação do mostrador azul, com um baixo-relevo do globo terrestre, e a bracelete em pele castanha (ref.ª 96B385) parece-me particularmente feliz (existe uma variante com caixa dourada e mostrador beige). A caixa em aço tem um diâmetro de 43mm sem resistência à água (apenas 30 metros) e o mostrador utiliza vidro de safira com tratamento antirreflexo. 

O preço de referência online é de 875 dólares, mas há uma variante muito bonita, com mostrador em preto, por apenas 539€ na Amazon Espanha!

Zeppelin Atlantic GMT Automatic



Por ainda menos dinheiro (499€) iremos poder adquirir o novo Zeppelin Atlantic Automatic GMT já no final de outubro. A ref.ª 8468-3 é a que mais me agrada, uma vez mais conjugando um mostrador em tons de azul com uma bracelete em pele de cor castanha. A caixa, com 42mm de diâmetro, oferece resistência à água até 50 metros e vidro mineral no mostrador bem como no fundo de observação do movimento.

Por mais 30€, este modelo está disponível com bracelete de aço em malha milanesa. E existe ainda uma variante (ref.ª 8468-1) com mostrador prateado e bracelete preta. A distribuição em Portugal está a cargo da SRI.

LIP Nautic Ski Auto GMT 41 mm


A LIP é uma marca Made in France com alguma história que nos traz outra opção distinta com base no Miyota 9075: um relógio de mergulho tipo super-compressor. Trata-se do Nautic Ski Auto GMT 41 mm, que nos é proposto por um preço um bocado puxado, de 940€.

A caixa e as coroas são muito parecidas com as do meu Dan Henry 1970 (outra coisa parecida é a bracelete, que no caso do Dan Henry é de péssima qualidade e que aqui parece ser idêntica...) mas o mostrador tem um desenho mais original, embora não muito do meu agrado. O que mais me tira do sério são os numerais "12" e "6" inscritos nos respetivos índices e que, sinceramente, não lembra ao diabo!

Também aqui temos janela de observação do movimento e uma caixa com 41mm de diâmetro com vidro de safira. A segunda coroa permite controlar um bisel interior com uma escala horária que, na prática, permite a leitura de dois fusos horários adicionais.

Boldr Odyssey Freediver GMT



A Boldr é uma micromarca de que gosto, mas parece que se anda a esquecer desse seu estatuto, com peças cada vez mais caras. É o caso desta sua interpretação de um diver GMT baseado no Miyota 9075, pelo qual a empresa asiática quer cobrar 942€...

A peça até é bonita, com uma caixa em aço com 200 metros de resistência à água, embora um pouco para o grande (44mm). A bracelete é igualmente em aço. Infelizmente, o mostrador tem um detalhe no seu desenho que me faz sofrer de OCD não diagnosticado: a janela de data (circular!) às 4h30. Uma opção que apenas me suscita uma pergunta: PORQUÊ? Há datas nesta posição com as quais consigo viver (estou a lembrar-me do Bulova Moon Watch, por exemplo), mas esta certamente não é uma delas.

E é pena. O resto da execução parece-me muito bem, com um mostrador bonito e o tradicional bisel (infelizmente unidirecional) graduado em 24 horas para controlo de um terceiro fuso horário, vidro de safira no mostrador e vidro no fundo com decoração. 

A marca indica o final de Dezembro de 2022 como data de entrega das primeiras unidades, disponíveis em três variantes com diferentes cores de mostrador e bisel. Como já indiquei, o preço de quase mil euros (+portes) parece-me demasiado elevado para um microbrand praticamente acabado de nascer.

Gavox Longitude



A última proposta que vos trago hoje é o Gavox Longitude, um modelo da marca belga que provavelmente só chegará em 2023. De acordo com os teasers no Instagram, o modelo encontra-se ainda na fase de protótipo, mas vou admitir: este é o relógio de que mais gosto.

E é também bastante original. O bisel à la Rolex Explorer surge em torno de um mostrador particularmente bonito, com um azul-marinho texturado de excelente efeito. No entanto, e como disse, isto é para já um protótipo embora a Gavox já cá ande há algum tempo pelo que certamente será um projeto para levar até à sua comercialização. Aguardemos mais detalhes, mas sobretudo o preço...

25 setembro, 2022

Studio Underd0g Go0fy Panda: imaginação ao poder!

 



Não é todos os dias que vos apresento um relógio de uma marca nova. A Studio Underd0g é uma jovem microbrand cuja abordagem e originalidade lhe permite ter desde já toda a sua coleção vendida. Por isso, este é um artigo agridoce: por um lado, ficam a conhecer um relógio apetecível; por outro, ficam também a saber que, pelo menos até haver uma nova produção, o que aqui vos apresento não está ao vosso alcance, por muito dinheiro que tenham a arder no bolso.

Os primeiros relógios da Underd0g são todos cronógrafos baseados no nosso conhecido movimento mecânico chinês Seagull ST-1901, o mesmo que equipa o popular Seagull 1963 e muitos outros. Mas o que os distingue é o seu desenho original (e, a julgar pelas inúmeras reviews que tenho visto e lido, a qualidade da execução) que, apenas com algumas alterações face ao que estamos habituados a ver, resulta numa peça extremamente original.

As dimensões da peça são relativamente modestas, com uma caixa cujo diâmetro é de apenas 38,5 mm, o que lhe permite um posicionamento que tanto pode ser desportivo (devido à funcionalidade do cronógrafo, bem como à presença de uma escala taquimétrica) como mais dressy

O principal twist do desenho do mostrador consiste nas diferentes dimensões dos dois sub-mostradores bem como, no caso desta reinterpretação do que é um crono "panda", na opção por apenas um dele ter uma cor contrastante com a do mostrador. O resultado, sendo ainda assim imediatamente reconhecível como o de um "panda", é algo absolutamente original e esteticamente apelativo.

O jogo com o tamanho dos sub-mostradores é depois acentuado com outra originalidade: a colocação assimétrica da marca, às 12h30 em vez da posição habitual às 12h00, e do modelo. No caso específico desta variante, designada Go0fy Panda, há ainda um piscar de olho bem humorado ao bambu que é a refeição preferida do urso preto e branco, com o extremo do ponteiro dos segundos em verde.

A Studio Underd0g poderia ter ficado por aqui e tinha já um êxito entre mãos. Mas foi mais longe e criou variantes com cores inspiradas na natureza, todas elas igualmente esgotadas, o que demonstra bem a aceitação destas propostas por parte dos entusiastas: Watermel0n, Mint Ch0c Chip e Desert Sky.

O preço para toda esta loucura é de uns super-razoáveis 540€, que incluem a versão do movimento ST-1901 com regulador pescoço-de-cisne, vidro de safira com revestimento antirreflexo e bracelete em pele feita à mão pela empresa britânica Strap Taylor. O conjunto é montado no Reino Unido.

Caso pretendam ser avisados quando novos modelos estiverem prontos para venda, poderão subscrever a newsletter aqui.