29 maio, 2016

Museu do Relógio VINTE4



Os relógios de 24 horas são uma categoria interessante no mundo da relojoaria. À primeira vista, podem passar por um relógio normal (até porque há relógios convencionais com escalas de 24 horas, pelo que o desenho do mostrador não conta toda a história), mas possuem uma funcionalidade diferenciadora importante: o ponteiro das horas demora um dia inteiro (24 horas, portanto) a concluir uma volta.

Isto significa que, num relógio destes, quando o ponteiro das horas aponta para o algarismo 4, sabemos que são 4 da madrugada e não 4 da tarde – porque se fossem 4 da tarde, o ponteiro das horas estaria a apontar para as 16... na posição onde habitualmente estariam as 8!

Uma utilização casual de um destes relógios (alternando com modelos convencionais) pode provocar alguma confusão, porque estamos habituados a "ver as horas" através da posição relativa dos ponteiros, ignorando os algarismos. De resto, é por isso que existem relógios que, por questões estéticas, usam apenas índices às 12h00 ou prescindem até totalmente de qualquer marcação no mostrador – e mesmo assim conseguimos saber "que horas são".

Ora isso deixa de ser possível nos relógios de 24 horas. Para quem gosta deles, o ideal é usá-los com frequência, até se tornar num (novo) hábito a leitura das horas num só olhar. Ou então, assumir que os vamos adquirir como peça de coleção.

Acresce ainda um outro problema frequente com os relógios de 24 horas, pelo menos para mim: tendem a ser... muito feios! :-) Ou, mesmo quando não são feios, os seus mostradores são demasiado busy, com resultados esteticamente duvidosos.

É por isso que vale a pena uma referência a uma nova edição especial limitada do Museu do Relógio, o Vinte4. Equipado com um movimento automático com data Vostok 2431 modificado, com acabamentos tipo cotes de Géneve e parafusos polidos em aço azul, este relógio possui uma caixa em aço de 42 mm com revestimento em PVD negro.

O diâmetro da caixa permitiu criar um mostrador que se adequa muito bem à exibição de uma escala completa de 24 horas. A opção de exibir apenas as horas pares e deixar as ímpares a cargo de índices triangulares parece-me uma boa ideia, porque mantém o mostrador relativamente "limpo" e evita precisamente o que não gosto de ver em muitos dos relógios deste género, que é uma profusão de números que acaba por não resultar muito bem, além de dificultar a leitura das horas.

O resto da execução é de excelente nível (já estive com o relógio na mão...), com mostrador de vidro mineral anti-reflexo e bracelete em pele negra de boa qualidade. O preço para esta edição limitada a 50 unidades (que, aparentemente, estarão quase todas vendidas à data deste post) é de uns muito razoáveis 360€. A venda é feita a partir do website do Museu do Relógio e o valor já inclui portes. É possível trocar a bracelete normal por uma Hirsch (por mais 25€) que, além da qualidade superior, tem pesponto vermelho que condiz com os detalhes do mostrador e do ponteiro dos segundos.

Um vídeo com a montagem do relógio nas oficinas do Museu do relógio em Évora pode ser visto aqui:




16 maio, 2016

Steinhart Ocean Vintage GMT


Já sabem que a Steinhart é uma das minhas marcas B3 favoritas. E enquanto muitas outras conseguem oferecer relógios acessíveis optando por movimentos japoneses, a marca alemã continua a surpreender mantendo a oferta concentrada em torno de calibres suíços mas com um preço que sugeriria máquinas de outras proveniências.

Este Ocean Vintage GMT é mais um excelente exemplo da filosofia da marca. Baseado num movimento automático ETA 2893-2 com segundo fuso horário, a Steinhart oferece aqui uma interpretação própria do Rolex Explorer 1655, num relógio que pode também ser usado em mergulho, uma vez que oferece uma resistência à água até 300 metros.

Contudo, para tirar total partido do ponteiro adicional do segundo fuso horário, em vez de um bisel unidirecional graduado em minutos, a Steinhart optou por um bisel graduado em 24 horas, o que facilita a leitura imediata para quem esteja de viagem em paragens distantes.

As proporções são também muito boas, com uma caixa de 42mm de diâmetro e um bisel relativamente estreito. O conjunto é completado por uma bracelete em aço que reforça e prolonga a elegância das linhas do relógio. Tal como sucede em praticamente todos os modelos da marca alemã, o mostrador é protegido por vidro de safira.

O preço de tudo isto? Uns muito razoáveis 510 euros + 15€ de portes para Portugal.

[Edit: texto alterado em 15/11/2020 com referência ao Rolex Expolorer 1655]

13 maio, 2016

Air Blue Delta Chronograph

Falei pela primeira (e última) vez da Deep Blue há cerca de 3 anos, a propósito de um relógio de mergulho. Contudo, a empresa possui também uma linha de relógios tipo piloto, designada Air Blue, bastante interessantes.

Edit 30/11/2020: Este relógio encontra-se esgotado. A página oficial encontra-se aqui.

A gama Delta inclui diversos modelos com mostradores tipo B (nos quais a posições horárias são assinaladas com numerais para os minutos, de 5 em 5). O relógio que hoje vos trago é o Air Blue Delta Chronograph com movimento Ronda 3520.D com sub-mostradores às 12H00 e às 6h00 e janela de data, neste caso rasgada, às 3H00.

Há variantes com mostrador preto e cinzento e caixas com e sem revestimento em PVD. Contudo, ao contrário do que é hábito, o preço é sempre o mesmo: uns muito simpáticos 299€ – tanto mais impressionante quanto o valor de referência no website da marca, nos EUA, é de 399 dólares.

Para além do já referido movimento suíço, o relógio tem uma caixa em aço de 44mm, Superluminova nos índices, numerais e ponteiros e até vidro de safira. Só a bracelete, em pele com revestimento têxtil, não me agrada tanto, mas pelo preço é algo que se pode facilmente mudar e ainda assim ficar com um relógio muito acessível.

11 maio, 2016

Christopher Ward C65 Trident Classic Mk II

A Christopher Ward continua a ser uma empresa que produz relógios B3 mas nota-se que, a cada nova interação dos seus modelos, cobra sempre um pouco mais. É caso para dizer que os consumidores são vítimas do sucesso da casa relojoeira inglesa...

A nova série MkII do C65 Trident Classic é um belíssimo dress watch de elegantes proporções, com caixa em aço de 43mm de diâmetro e mostrador com vidro de safira. São usados movimentos suíços ETA 2824-2 ou Sellita SW 200-1.

A CW criou seis variantes com base em dois mostradores (preto e branco), duas braceletes em pele (preta e castanha) e uma em aço. Todos têm o mesmo desenho com índices aplicados nas posições horárias; ponteiros e índices são luminescentes no escuro através da aplicação de Superluminova.

Este é o tipo de relógio elegante e de desenho intemporal que tornam os dress watches em peças ideais para usar à noite e/ou em ocasiões formais.

Contudo, e muito embora continue a apreciar e recomendar os CW, estes relógios começam a tornar-se demasiado caros para uma marca que, por muito que se tente, não possui a tradição da relojoaria suíça. Isto, apesar destes relógios, ao contrário do que acontecia inicialmente, serem agora "Swiss Made".

O preço das variantes com bracelete em pele é de £499; com bracelete em aço, o valor sobre para £560
.

Edit 30/11/2020: Este modelo já não existe.



09 maio, 2016

Aramar Arctic Marine Blue


"Gostos não se discutem – cultivam-se!" A frase pode ser um nadinha pretensiosa, mas não deixa de ter um fundo de verdade. O gosto sendo algo intrinsecamente pessoal, é também algo que evoluiu ao longo do tempo e em função das experiências de cada um.

Por exemplo, quando comecei este blog gostava sobretudo e relógios tipo "piloto" (e ainda gosto) e os relógios de mergulho eram um pouco olhados por mim como um parente pobre. Expliquei até a razão do meu relativo desinteresse por este tipo de relógio. Mas com o tempo acabei por apreciá-los mais e hoje estão até na minha wish list como relógio a adquirir em breve.

Só que, como bem sabem os amantes de relógios, o diabo está nos detalhes. E mesmo dentro de cada categoria há coisas que nos agradam ou irritam e que condicionam a compra de um modelo em função do outro. Da marca ao movimento, da cor à bracelete, dos índices aos formato dos ponteiros, do tamanho da caixa ao formato do bisel, há toda uma gama de detalhes que fazem a diferença.

Este modelo que hoje vos trago, o Arctic Marine Blue da empresa neerlandesa Aramar, cumpre com quase todos os requisitos do relógio que procuro. Gosto de praticamente tudo – o movimento é um high beat Miyota 9015 de 28.800 a/h; o mostrador tem excelentes proporções em relação ao bisel, que não é demasiadamente largo; a execução inclui vidro de safira, lente para a janela de data e caixa de 42mm com resistência à água até 500 metros (ao invés dos habituais 200 ou 300); até o azul do mostrador me parece perfeito.

E tudo isto com um "preço canhão" de apenas 249€, a partir do website do fabricante.

Coisas que gostaria que fossem diferentes? Apenas duas: o formato (tipo "floco de neve") do ponteiro das horas, e as inscrições no mostrador, que me parecem excessivas e desnecessárias.

Contudo, o que aqui é oferecido, por um preço destes, torna esta peça numa compra obrigatória para quem procura um relógio de mergulho.
 Edit 30/11/2020: este modelo já não existe.