17 dezembro, 2022

Cauny Siza: uma oportunidade perdida

 



Nas última semanas, a minha timeline do Facebook tem estado a ser bombardeada com anúncios deste relógio: um Cauny desenhado pelo arquiteto Álvaro Siza. É a primeira vez que Siza desenha um relógio (para qualquer marca) e devo admitir que ele fez um bom trabalho. Porque é que titulei então que este relógio é uma "oportunidade perdida"? Bem, esse ónus recai sobre a Cauny... e já lá iremos.

Mas, como sempre se deve fazer na vida, comecemos por salientar as coisas boas deste projeto antes de lhe "cascar". Como escrevi acima, o Cauny Siza é realmente muito bem desenhado. Aliás, se esta é efetivamente a primeira vez que o arquiteto português desenha um relógio, ninguém diria! Do mostrador ao desenho da caixa, há aqui elementos muito bons que contribuem para um relógio (para mim) muito bonito.

No caso dos dress watches gosto muito de desenhos com dois ponteiros, como o Armogan que referi recentemente. Neste caso, Siza optou por um desenho com um misto de índices e numerais arábicos nas quatro posições principais. Temos também a originalidade dos ponteiros, que surgem com uma ponta em "seta invertida", na versão White, e com eixos duplos cruzados, na versão Mirror, que resultam muito bem em qualquer dos casos. E, finalmente, a tampa da caixa, ela também original. 

A execução também é boa, com caixa em aço e vidro de safira. As únicas opções de bracelete são as da imagem: pele castanha para o White e preta para o Mirror.

Vamos então às partes más. Eu provavelmente deixaria passar se não fosse a publicidade da Cauny que caracteriza este modelo como uma "obra-prima" e algo que será "eterno". Pois... Não. Mas vamos por partes.

A caixa é efetivamente bonita mas... é muito pequena, mesmo para um dress watch. Os modelos para homem têm um diâmetro de apenas 35mm, que desce para 30mm no caso dos modelos para senhora. Penso que versões de 40mm e 35mm teria sido uma melhor opção. 

Depois, temos o problema do design. Sim, é tudo muito bonito, mas convém que a forma e a função andem de mãos dadas. E a substituição das habituais asas por um eixo central para fixação da bracelete, apesar de não ser a primeira vez que vejo, não é uma boa ideia, já que impede a substituição por braceletes de terceiros. Pior: a Cauny não mostra no website que tenha (e até é possível que tenha) braceletes de substituição e/ou o seu preço.

E depois chegamos ao que mais me preocupa: o movimento. Álvaro Siza desenhou o relógio, mas obviamente não foi ele a decidir qual o movimento a usar. E aqui eu tenho um problema: qual é a lógica de criar uma peça destas e depois usar um movimento de quartzo de fabricante anónimo? 

Mas... Como é que eu sei isso? Bem, porque o movimento usado, se fosse suíço (como um Ronda), certamente seria caso para a Cauny o apregoar aos quatro ventos. Até dou de barato que não seja um movimento mecânico, já que eventualmente seria complicado encontrar um compatível com a reduzida espessura da caixa, certamente um dos pontos principais deste projeto. Mas um quartzo genérico? Quando um suíço custaria pouco mais?

O meu problema com este Cauny Siza é que é uma excelente ideia que resultou num relógio muito bonito e que, caso a Cauny quisesse, podia também ser um excelente relógio. Mas, tal como nos é apresentado, é difícil de olhar para ele enquanto tal, mesmo tendo em conta os razoáveis 175€ que a marca pede por qualquer destes modelos. 

30 novembro, 2022

Armogan Sopraffino Grande 38: a elegância simples

 

A Armogan é uma marca de que falei já várias vezes no blog, a última vez em 2020. Este microbrand continua a produzir um número relativamente reduzido de coleções e variantes (o que eu acho que é uma estratégia prudente) que me agradam sobretudo pela originalidade – esta é uma marca que não procura o caminho fácil (e lucrativo) das hommages mas, pelo contrário, tem conseguido afirmar-se através de uma estética própria e consistente.

É certamente esse o caso de modelo, o Sopraffino Grande 38. O nome refere-se ao diâmetro da caixa (38mm), sendo que existe também uma variante mais pequena, com apenas 33mm. Este modelo de 38mm existe em nada menos de 11 variantes, com diferentes cores de mostrador, caixa e bracelete.

Gosto muito do desenho simples deste relógio com apenas dois ponteiros, cortesia do movimento de quartzo japonês Miyota 2025. Por incrível que pareça, não é fácil encontrar no mercado relógios com apenas dois ponteiros, sejam eles mecânicos ou de quartzo, e este parece-me uma proposta especialmente interessante.

A execução é correta, com um mostrador muito sóbrio que exibe os numerais arábicos com a fonte que a marca tem usado em praticamente todos os seus relógios até agora. A opção permite-lhe também distinguir-se de propostas mais minimalistas mas também mais genéricas e de qualidade duvidosa, como é o caso de marcas como a Daniel Wellington ou a MVMT

As proporções do relógio são muito bem conseguidas, combinando os 38mm de diâmetro com uma largura da bracelete de 20mm. A espessura da caixa é de 8mm e o vidro que protege o mostrador é de safira. Infelizmente, a resistência à água é basicamente inexistente (30m).

O PVP de 179€ para o que é aqui oferecido parece-me um pouco excessivo, para dizer a verdade (por esse preço já se arranjam relógios mecânicos...), mas à data em que escrevo este artigo a marca tinha uma promoção em que o vendia através do seu website por 143,20€, já com portes. Continua a ser um pouco caro, mas enfim...

26 novembro, 2022

Zeppelin 8666-1: viajar em grande estilo

 

No artigo anterior falei dos novos relógios baseados no excelente movimento GMT Miyota 9075. No entanto, só agora soube a que a Pointtec lançou entretanto mais um modelo com este movimento na sua gama 100 Anos Zeppelin, a referência 8666-1, mesmo a tempo de assinalar os 20 anos de criação da marca.

À semelhança dos modelos 8468 na gama Atlantic da marca alemã, também este tem um preço muito competitivo de 499€  ̶  o mais barato que até agora encontrei baseado neste movimento. No entanto, e ao contrário daqueles, acho este modelo mais bonito, com a estética Art Déco que outros relógios nesta gama já tinham inaugurado.

Enquanto outras propostas com a complicação GMT optam por relógios de mergulho ou claramente posicionados como companheiros de aventura, a abordagem da Zeppelin neste seu modelo foi claramente mais dressy, com um mostrador clássico, que oferece numerais arábicos nas posições pares e uma janela de data às 3 horas com proporções corretas.

Os pontos junto às posições horárias oferecem luminescência no escuro, mas não há qualquer aplicação de "lume" nos ponteiros. Este são de cor negra, à exceção do ponteiro do segundo fuso horário, que é azul. 

A caixa, em aço e com fundo em vidro para observação do movimento, tem resistência à água de 5 atmosferas. O seu diâmetro de 42mm parece menor do que a foto sugere, porque a bracelete em pele castanha é fixa através de asas com um espaçamento generoso de 22mm, o que contribui para a ilusão ótica. Infelizmente, não temos direito a vidro de safira, mas apenas a vidro mineral tipo "K1" (equivalente ao "hardlex" da Seiko).

O mostrador, prateado, tem um desenho de tripla escala: horas na posição mais concêntrica; minutos/segundos numa posição acima dessa; e, finalmente, uma escala de 24 horas no extremo da circunferência, para onde aponta o quarto ponteiro. 

Nesta implementação, sem qualquer bisel, não é possível termos dois fusos horários adicionais, mas apenas um. Contudo, e como já explicámos anteriormente, este é um movimento GMT "verdadeiro", no qual é possível acertar de forma independente o ponteiro das horas, e não apenas movimentar o ponteiro adicional do segundo fuso horário.

Ao contrário de outros microbrands, a Pointtec produz a maioria dos seus relógios na Alemanha, sendo este em particular montado na sua fábrica na cidade de Ruhla. A Zeppelin é vendida em Portugal através da SRI, que tem uma loja online. Está também disponível via Amazon.

08 outubro, 2022

Miyota 9075: finalmente um Travel GMT para todos!

 


O relógio da imagem, um Bulova Wilton GMT, é o primeiro de muitos que irão agitar o mercado durante os próximos tempos: um verdadeiro GMT mecânico automático com as funcionalidades de relógios de milhares de euros, mas vendido a um preço bem mais comedido.

O culpado de tudo isto é o novo movimento Miyota (Citizen) 9075 que oferece a qualquer marca a possibilidade de criar relógios com duplo fuso horário com base num movimento automático. No entanto, este novo movimento, e ao contrário do que acontece com o muito mediatizado SII (Seiko) NH34, que já deu origem aos primeiros relógios da marca japonesa, este é um "True GMT" (ou "Travellers GMT", para utilizar a terminologia dos entusiastas mais snobs).

A diferença entre um "verdadeiro" GMT e a funcionalidade de duplo fuso horário implementada pela Seiko no seu NH34, é que neste último é o terceiro ponteiro (exatamente o ponteiro do segundo fuso horário) que podemos facilmente movimentar de forma independente; já no Miyota 9075, podemos acertar o ponteiro das horas "normal" de forma independente, mantendo o ponteiro dos minutos na sua posição original.

Não contente por ser a primeira a oferecer esta funcionalidade a qualquer marca, a divisão OEM da Citizen foi ainda mais longe e implementou-a num movimento da sua gama de topo (9000 series), pelo que este é, ainda por cima, um movimento "high beat" cujo ponteiro dos segundos se move à velocidade de 4Hz, ou seja, 28.800 alternâncias por hora (contra 3Hz/21.600 no caso do Seiko).

Até agora, relógios com esta funcionalidade eram baseados em movimento suíços, mas custavam mais de 1000 euros. No entanto, como veremos neste artigo, o mercado está prestes a ser inundado de propostas abaixo desse valor e, nalguns casos, por cerca de metade do preço!

Vejamos então o que é que o mercado nos reserva já este ano, com diferentes projetos baseados em torno desde novo movimento:

Bulova Wilton GMT



Como já vimos no início do artigo, este foi o primeiro modelo a chegar ao mercado, e não admira: para os mais distraídos, é bom lembrar que a Bulova pertence ao grupo Citizen desde 10 de janeiro de 2008. A marca optou por criar um verdadeiro dress watch GMT, com um mostrador elegante que, infelizmente, utiliza numerais romanos, de que eu não gosto particularmente.

A conjugação do mostrador azul, com um baixo-relevo do globo terrestre, e a bracelete em pele castanha (ref.ª 96B385) parece-me particularmente feliz (existe uma variante com caixa dourada e mostrador beige). A caixa em aço tem um diâmetro de 43mm sem resistência à água (apenas 30 metros) e o mostrador utiliza vidro de safira com tratamento antirreflexo. 

O preço de referência online é de 875 dólares, mas há uma variante muito bonita, com mostrador em preto, por apenas 539€ na Amazon Espanha!

Zeppelin Atlantic GMT Automatic



Por ainda menos dinheiro (499€) iremos poder adquirir o novo Zeppelin Atlantic Automatic GMT já no final de outubro. A ref.ª 8468-3 é a que mais me agrada, uma vez mais conjugando um mostrador em tons de azul com uma bracelete em pele de cor castanha. A caixa, com 42mm de diâmetro, oferece resistência à água até 50 metros e vidro mineral no mostrador bem como no fundo de observação do movimento.

Por mais 30€, este modelo está disponível com bracelete de aço em malha milanesa. E existe ainda uma variante (ref.ª 8468-1) com mostrador prateado e bracelete preta. A distribuição em Portugal está a cargo da SRI.

LIP Nautic Ski Auto GMT 41 mm


A LIP é uma marca Made in France com alguma história que nos traz outra opção distinta com base no Miyota 9075: um relógio de mergulho tipo super-compressor. Trata-se do Nautic Ski Auto GMT 41 mm, que nos é proposto por um preço um bocado puxado, de 940€.

A caixa e as coroas são muito parecidas com as do meu Dan Henry 1970 (outra coisa parecida é a bracelete, que no caso do Dan Henry é de péssima qualidade e que aqui parece ser idêntica...) mas o mostrador tem um desenho mais original, embora não muito do meu agrado. O que mais me tira do sério são os numerais "12" e "6" inscritos nos respetivos índices e que, sinceramente, não lembra ao diabo!

Também aqui temos janela de observação do movimento e uma caixa com 41mm de diâmetro com vidro de safira. A segunda coroa permite controlar um bisel interior com uma escala horária que, na prática, permite a leitura de dois fusos horários adicionais.

Boldr Odyssey Freediver GMT



A Boldr é uma micromarca de que gosto, mas parece que se anda a esquecer desse seu estatuto, com peças cada vez mais caras. É o caso desta sua interpretação de um diver GMT baseado no Miyota 9075, pelo qual a empresa asiática quer cobrar 942€...

A peça até é bonita, com uma caixa em aço com 200 metros de resistência à água, embora um pouco para o grande (44mm). A bracelete é igualmente em aço. Infelizmente, o mostrador tem um detalhe no seu desenho que me faz sofrer de OCD não diagnosticado: a janela de data (circular!) às 4h30. Uma opção que apenas me suscita uma pergunta: PORQUÊ? Há datas nesta posição com as quais consigo viver (estou a lembrar-me do Bulova Moon Watch, por exemplo), mas esta certamente não é uma delas.

E é pena. O resto da execução parece-me muito bem, com um mostrador bonito e o tradicional bisel (infelizmente unidirecional) graduado em 24 horas para controlo de um terceiro fuso horário, vidro de safira no mostrador e vidro no fundo com decoração. 

A marca indica o final de Dezembro de 2022 como data de entrega das primeiras unidades, disponíveis em três variantes com diferentes cores de mostrador e bisel. Como já indiquei, o preço de quase mil euros (+portes) parece-me demasiado elevado para um microbrand praticamente acabado de nascer.

Gavox Longitude



A última proposta que vos trago hoje é o Gavox Longitude, um modelo da marca belga que provavelmente só chegará em 2023. De acordo com os teasers no Instagram, o modelo encontra-se ainda na fase de protótipo, mas vou admitir: este é o relógio de que mais gosto.

E é também bastante original. O bisel à la Rolex Explorer surge em torno de um mostrador particularmente bonito, com um azul-marinho texturado de excelente efeito. No entanto, e como disse, isto é para já um protótipo embora a Gavox já cá ande há algum tempo pelo que certamente será um projeto para levar até à sua comercialização. Aguardemos mais detalhes, mas sobretudo o preço...

04 outubro, 2022

À conversa com Igor Zubovskij (Vostok Europe)

 

Igor Zubovskij

O fundador e CEO da Vostok Europe, Igor Zubovskij, esteve em Portugal no passado dia 24 de setembro para acompanhar em Sesimbra a tentativa de bater um record mundial do maior número de mergulhadores presentes num só local num período de 12 horas. A Vostok Europe foi um dos patrocinadores do evento, tendo criado uma edição especial para o assinalar e, além disso, esteve também presente o seu embaixador João Rainho.

RelógiosB3 foi convidado para estar presente no evento e, durante um almoço que juntou também os responsáveis pelo distribuidor local, a SRI, tive oportunidade de colocar a Igor algumas questões. Foi uma conversa informal, mas ele autorizou-me a citá-lo, pelo que este texto é o resultado dessa troca de impressões.

Uma das coisas que aprecio na marca Lituana é o facto de criar desenhos originais para os seus divers, que não seguem, nem de longe, as ideias lançadas desde há décadas (e copiadas pelo resto da indústria) pela Rolex (Submariner), a Blancpain (Fifty Fathoms) e até a Seiko ou a Panerai. Um Vostok Europe é... um Vostok Europe!, e é algo cujo design pode ser identificado à distância – o que também não é difícil, com a tendência que a marca tem para criar peças de grandes dimensões! 

Igor trouxe a Portugal algumas novidades, entre elas, e pela primeira vez, a menção oficial "Made in Lituania" que acaba de uma vez por todas com qualquer dúvida face a uma eventual ligação da marca à (russa) Vostok. "Já na altura não usávamos muitos, mas deixámos completamente de utilizar movimentos de origem russa em 2014, precisamente na sequência da anexação da Crimeia. À época explicámos a razão desta nossa decisão e fomos bastante criticados por alguns dos nossos clientes, mas foi algo que senti que não poderíamos deixar de fazer".

Desde então, a Vostok Europe utiliza exclusivamente movimentos de origem japonesa (tendo já usado também movimentos suíços em algumas coleções entretanto descontinuadas), nomeadamente da SII (Seiko) e Miyota (Citizen), sendo os primeiros responsáveis por praticamente todos os modelos mecânicos.

Igor explica a razão da opção: "Os movimentos Miyota [da série 8000] não têm torque suficiente para o tipo de ponteiros que usamos, que tendem a ser grandes e relativamente pesados; isso faz com que o ponteiro dos segundos não se mova de forma suave". Quando lhe perguntei o que achava do novo movimento GMT automático acessível da Seiko (que na versão OEM tem a referência NH34) começou por me dizer que "não é assim tão barato: custa o dobro de um NH35!" – que a marca utiliza nos seus  relógios automáticos.

No entanto, confirmou que, em 2023, a marca terá um modelo GMT equipado com este movimento.

Aproveitei também para lhe perguntar a razão de outras opções que fazem parte do DNA da Vostok Europe. Uma delas é o porquê da razão de não usar vidro de safira, mesmo quando os seus relógios estão num patamar de preços em que praticamente todos as marcas optam pelo vidro mais premium. Para Igor, não é uma questão de ser ou não premium, mas de funcionalidade: "Há uma diferença fundamental na estrutura dos diferentes tipos de vidro a um nível molecular. O vidro de safira é de facto muito resistente aos riscos, mas não é assim tão resistente aos impactos – uma pancada seca pode simplesmente pulverizar o vidro, uma vez que é assim que o vidro de safira se comporta. Ou seja, não se risca, não racha, mas quando se parte, desfaz-se em mil pedaços."

"O vidro que usamos, que se chama K1, tem uma resistência aos riscos mais elevada do que o vidro mineral normal, mas é mais resistente à quebra do que a safira, pelo que o consideramos ideal para o tipo de relógios que produzimos, que se destinam a ser usados em situações extremas", explicou.

O CEO da Vostok defendeu também outras opções típicas dos relógios da marca: "nas nossas braceletes não usamos borracha natural; uma vez mais, não por questões de custo, mas sim porque o material que usamos – a borracha de silicone – é totalmente neutra, não é alérgica e possui uma maior resistência aos elementos".

Finalmente, e sobre as grandes dimensões dos seus relógios (que, nalguns modelos, chegam aos 49mm de diâmetro) Igor admitiu que assim é, mas também lembrou que a marca já tem coleções com dimensões mais modestas (43mm no caso dos Limousine e dos novos Expedition "compactos") bem como uma linha (Undiné) de relógios destinada a um público feminino com 39mm de diâmetro. De resto, confessou que o mercado dos EUA é um dos "responsáveis" por esta opção: "eles não gostam de relógios pequenos".

25 setembro, 2022

Studio Underd0g Go0fy Panda: imaginação ao poder!

 



Não é todos os dias que vos apresento um relógio de uma marca nova. A Studio Underd0g é uma jovem microbrand cuja abordagem e originalidade lhe permite ter desde já toda a sua coleção vendida. Por isso, este é um artigo agridoce: por um lado, ficam a conhecer um relógio apetecível; por outro, ficam também a saber que, pelo menos até haver uma nova produção, o que aqui vos apresento não está ao vosso alcance, por muito dinheiro que tenham a arder no bolso.

Os primeiros relógios da Underd0g são todos cronógrafos baseados no nosso conhecido movimento mecânico chinês Seagull ST-1901, o mesmo que equipa o popular Seagull 1963 e muitos outros. Mas o que os distingue é o seu desenho original (e, a julgar pelas inúmeras reviews que tenho visto e lido, a qualidade da execução) que, apenas com algumas alterações face ao que estamos habituados a ver, resulta numa peça extremamente original.

As dimensões da peça são relativamente modestas, com uma caixa cujo diâmetro é de apenas 38,5 mm, o que lhe permite um posicionamento que tanto pode ser desportivo (devido à funcionalidade do cronógrafo, bem como à presença de uma escala taquimétrica) como mais dressy

O principal twist do desenho do mostrador consiste nas diferentes dimensões dos dois sub-mostradores bem como, no caso desta reinterpretação do que é um crono "panda", na opção por apenas um dele ter uma cor contrastante com a do mostrador. O resultado, sendo ainda assim imediatamente reconhecível como o de um "panda", é algo absolutamente original e esteticamente apelativo.

O jogo com o tamanho dos sub-mostradores é depois acentuado com outra originalidade: a colocação assimétrica da marca, às 12h30 em vez da posição habitual às 12h00, e do modelo. No caso específico desta variante, designada Go0fy Panda, há ainda um piscar de olho bem humorado ao bambu que é a refeição preferida do urso preto e branco, com o extremo do ponteiro dos segundos em verde.

A Studio Underd0g poderia ter ficado por aqui e tinha já um êxito entre mãos. Mas foi mais longe e criou variantes com cores inspiradas na natureza, todas elas igualmente esgotadas, o que demonstra bem a aceitação destas propostas por parte dos entusiastas: Watermel0n, Mint Ch0c Chip e Desert Sky.

O preço para toda esta loucura é de uns super-razoáveis 540€, que incluem a versão do movimento ST-1901 com regulador pescoço-de-cisne, vidro de safira com revestimento antirreflexo e bracelete em pele feita à mão pela empresa britânica Strap Taylor. O conjunto é montado no Reino Unido.

Caso pretendam ser avisados quando novos modelos estiverem prontos para venda, poderão subscrever a newsletter aqui.

24 agosto, 2022

Casio Royale: provavelmente, o melhor relógio de sempre (e como fazê-lo ainda melhor)

 

OK, o Casio Royale* provavelmente não é o melhor relógio de sempre (embora haja quem garanta que é). Mas tudo depende da forma como olharmos para ele. E, se essa forma for a relação entre o preço (entre 30€ e 50€!) e a quantidade de complicações, estou certo de que não existe melhor.

Existem três variante oficiais (no final deste artigo, vamos falar de como fazermos a nossa própria variante): AE-1200WH-1AVEF, com caixa preta e bracelete em plástico também preta; AE-1200WH-1CVEF, com caixa prateada e preta e bracelete também preta; e, finalmente, o da foto principal, o modelo AE-1200WHD-1AVEF com caixa prateada e bracelete em aço da mesma cor. Os dois primeiros modelos têm um PVP de referência de apenas 39,90€ enquanto que o último é um pouco mais caro, a 49,90€. Em todos os casos, é possível arranjar estes relógios na Amazon Espanha ainda mais baratos - a partir de 29,90€

Note-se que este preço é conseguido, entre outras coisas, à custa de materiais igualmente baratos. A caixa, ao contrário do que possa parecer, é de resina e não de qualquer liga metálica (mesmo a prateada, cuja cor é conseguida... através da pintura da caixa com tinta prateada!). E mesmo no caso do modelo com a bracelete em aço, os elos não são em aço maciço, mas sim em aço estampado e dobrado sobre si. 

Também o "vidro" do mostrador é apenas plástico, facilmente riscável, como aliás é comum na maioria dos Casio de quartzo. Apesar de tudo, o fundo da caixa (em qualquer das variantes) é efetivamente em aço e o conjunto oferece uma razoável resistência à água de 100 metros. 

Poupo-vos a descrição detalhada das funcionalidades, que podem aceder clicando nos links de cada relógio, mas vale a pena salientar o cronógrafo, os diferentes fusos horários, os diversos alarmes e o calendário perpétuo. Ou seja, uma vez configurado, não devemos ter de nos preocupar em voltar a olhar para o manual tão depressa; a exceção será no momento de trocar de bateria, mas mesmo isso será algo raro, já que a Casio oferece uma autonomia da ordem dos 10 anos (!) nestes relógios.

A todos os níveis, o que temos aqui é muito relógio por muito pouco dinheiro. Só é pena que a Casio nunca tenha decidido oferecer uma variante com materiais de qualidade superior, como aconteceu recentemente com o chamado "CasiOak" (embora a um preço absurdo de mais de 500€!). Este relógio com caixa em aço e vidro de safira é que era, não acham? Bem, se acham realmente, tenho boas notícias para vocês: há quem tenha criado um kit para transformar totalmente este relógio em algo... mesmo "royale"!

A SKXMOD é uma empresa que se dedica a criar kits para modificar diferentes modelos da Seiko e da Casio (não apenas dos Royale) e até Apple Watch. A empresa vende kits para quem já tem um modelo AE-1200WH ou o kit completo com relógio e tudo. Por menos de 150€ (+ portes para Portugal), a SKXMOD vende o que me parece um excelente negócio: caixa em aço com vidro de safira e bracelete em aço sólido. Também é possível comprar apenas a caixa (sem a bracelete) por menos de 100€, ideal para quem quem prefere a bracelete em matéria plástica.

A julgar por este vídeo, a desmontagem e montagem do relógio é muito simples e a empresa garantiu-me, em resposta a uma pergunta que lhes fiz diretamente no Reddit, que a resistência à água de 100 metros é mantida "ou até melhorada" com o kit. 

Edit: mandei vir o kit para mim e, de facto, a transformação é super-simples e fácil de realizar. De resto, o kit inclui até todas as ferramentas necessárias. O resultado final vale bem a pena! 

________

* Este não é o nome oficial da gama AE-1200WH, mas sim a alcunha carinhosa que os fãs da marca lhe dão porque se assemelha ao Seiko G757 5020 Sports 100 usado por Roger Moore no papel de James Bond em Octopussy.

17 agosto, 2022

Steinhart Ocean One Titanium 500: o último dos moicanos?

 


O Steinhart Ocean One Titanium 500 é quase uma singularidade na gama atual da marca alemã: um relógio de mergulho realmente original e que não é baseado em qualquer outro modelo da Rolex ou da Tudor.

Admito que, no passado, dei mais desconto à Steinhart, nomeadamente no que diz respeito à criação de hommages, ou seja, relógios que seguem de perto o desenho de outros modelos de marcas consagradas, sem no entanto tentarem vender gato por lebre. Uma "homenagem"... Certo... Pois... A verdade é que já dei para esse peditório e hoje tenho uma tolerância muito menor para estas... *tosse*... homenagens.

A Steinhart, no entanto, deve vender esses relógios (90% da sua gama é baseada em modelos da Rolex e Tudor) como pãezinhos quentes mesmo que isso (na minha modestíssima opinião) constitua algo que leva a uma erosão do prestígio da marca. Ou seja, está a trocar proveitos de curto prazo pela sua sobrevivência a longo prazo. Mas imagino que cada uma sabe de si, claro... (em sentido contrário, veja-se o que britânica Christopher Ward, fundada cinco anos depois da Steinhart, conseguiu, trilhando o seu próprio caminho, com desenhos originais). 

E assim vos trago este relógio de mergulho que não é baseado em nenhum outro relógio. O Steinhart Ocean One Titanium 500 é um relógio, como o nome indica, com uma caixa e bracelete em titânio de elevado nível de execução. A caixa (42mm de diâmetro e 13mm de espessura) tem uma resistência à água acima do normal (500m!) e o vidro que protege o mostrador é, claro, de safira. Já o bisel unidirecional, que controla o tempo de mergulho, é de material cerâmico em vez do alumínio que encontramos frequentemente (e que é mais facilmente riscável).

O movimento escolhido para ser o coração desta máquina é de origem suíça, podendo (consoante a disponibilidade no mercado) ser um ETA 2892 ou o seu clone, igualmente suíço, Sellita SW300. Em qualquer dos casos, é usada a versão de topo destes movimentos (elaboré premium), que oferece não apenas um melhor acabamento e decoração, como também maior precisão.

É uma opção que distingue a Steinhart de outros microbrands, que normalmente optam por movimentos mais baratos de origem japonesa (Seiko/SII ou Citizen/Miyota), e que permite também à marca exibir orgulhosamente "Swiss Made" no mostrador, sob a janela de data às 6h00.

Voltando ao desenho deste relógio, apesar de encontrarmos aqui elementos que nos podem lembrar outros modelos, desde a Rolex à Seiko, o conjunto é efetivamente original. Cada um de nós gostará de uns elementos face a outros mas, para mim, o que mais me agrada são dois detalhes: o formato (simples) dos ponteiros e a janela de data às 6h00 em vez das 3h00, como é mais habitual (até porque é essa a posição normal no movimento-base; tudo indica que a Steinhart modificou o movimento para poder ter a janela de data às 6h00).

De todos os membros da família Steinhart, este é o único relógio que, neste momento, me imaginaria comprar, pelas razões já indicadas. Mas faltou-me outra excelente razão: o preço. O valor de 660€ (mais portes) que a marca pede por este modelo é francamente muito bom, estando ao mesmo nível de microbrands que usam movimentos japoneses e caixas (em aço) com resistência à água muito inferiores... e é cerca de metade do que a já referida Christopher Ward cobra pelos seus divers.

Resta uma dica: se estão interessados, comprem este relógio rapidamente, porque não me parece que a Steinhart vá continuar a apostar durante muito mais tempo nos seus desenhos originais. De resto, uma versão deste modelo com complicação GMT foi descontinuada e... substituída por uma hommage a um Tudor... :-(

10 agosto, 2022

Seiko 5 GMT: dois fusos horários para todos

 


Há quem diga que os novos Seiko 5 GMT são os mais importantes Seiko a serem lançados desde há anos. Talvez seja um exagero, mas a verdade é esta: até agora, não era muito fácil (senão impossível) comprar um relógio com segundo fuso horário equipado com movimento mecânico automático, proposto por um big brand e... relativamente acessível.

O que temos aqui é, na prática, uma clara aproximação ao relógio que é a referência no mundo GMT, mas por um valor abaixo dos 500 euros (o PVP de referência oficial é de 470 euros). É um valor que poderá ser ainda assim considerado elevado, mas que deixa de ser quando tentamos encontrar algo similar a esse preço e descobrimos que, pura e simplesmente, não é possível. 

O movimento usado é o novo calibre 4R34 que acrescenta o segundo fuso horário ao 4R35, um mecanismo que a marca japonesa já tinha popularizado na sua gama Seiko 5 e que oferece ainda data, corda automática com rotor bidirecional, paragem de segundos e corda manual.

A execução inclui uma caixa de 42,5mm (embora, ao vivo, pareça mais pequena) e 13,6mm de espessura, resistência à água até 100m (uma das características dos Seiko 5 Sports), vidro mineral endurecido ("hardlex") e uma luneta bidirecional graduada em 24 horas e que, na prática, permite visualizar não apenas um mas dois fusos horários adicionais.

O desenho do mostrador não apresenta surpresas, seguindo de perto a estética definida pelo Rolex GMT Master, à qual não falta sequer a clássica lente sobre a janela de data ("cyclops"). Até o desenho da bracelete em aço segue de perto a Rolex.

Para já, existem três variantes, com mostrador preto, azul e laranja. Apesar de, teoricamente, me sentir inclinado para o modelo em preto, pelo que vi em loja, o azul é, de facto, muito bonito.

Como diz e bem o youtuber do canal Just One More Watch, este relógio é ainda mais importante porque a Seiko irá certamente comercializar este movimento para que outros possam apresentar as suas propostas. Isto é, durante os próximos meses (ou a partir de 2023, consoante o timing com que a Seiko disponibilizar o calibre 4R34 a terceiros) iremos certamente assistir ao lançamento de modelos GMT automáticos não só a preço inferior a este Seiko como com execuções potencialmente superiores (vidro de safira, maiores resistências à água, materiais mais nobres, etc.).

No entanto, e para já, o que temos são estes Seiko. Os quais já vi em Portugal em várias lojas e que pode também ser encomendado via Amazon Espanha por valores que, pelo menos por enquanto, não são muito inferiores ao preço de referência (exceto no caso da variante preta, cujo preço já ronda os 420€).

03 agosto, 2022

Jorg Gray JG6500: O relógio de Barak Obama

 


Já aqui falámos do relógio de Bill Gates e, mais recentemente, do Swatch usado pelo Papa Francisco. Hoje trago-vos um cronógrafo que o presidente dos EUA Barak Obama usou por diversas vezes, incluindo no dia da sua tomada de posse e quando recebeu o Prémio Nobel. O relógio foi-lhe oferecido pelos Serviços Secretos por altura do seu 46.º aniversário, era ele ainda senador.

Trata-se do Jorg Gray JG6500 e... Não tem nada de especial. A sério. É bonito, OK, I guess... Mas... é um cronógrafo de quartzo normalíssimo, que mais do que certamente usa um movimento Miyota 0S20 (o site da marca não especifica). A caixa, em aço, tem resistência à água até 100m (vá lá...) mas o vidro não é de safira, mas sim mineral normal.

Apesar de parecer maior na foto, este é um relógio com um tamanho modesto (41mm) que deverá servir a praticamente qualquer pessoa. O desenho do mostrador segue de perto o que esperaríamos de um relógio de aviação, mas com índices nas posições horárias e em cuja base surgem os numerais respetivos; às 12 encontramos o tradicional triângulo virado para cima.

A marca, que é de origem norte-americana (tinha que ser, até parecia mal se não fosse, neste cenário!) vende uma versão comemorativa, com o fundo em aço gravado com alusões ao seu famoso cliente, por uns razoáveis 395 dólares, a partir do seu website... que só vende para os EUA.

Na Amazon.com (isto é, enviado dos EUA para Portugal, o que significa que irá pagar taxas de alfândega), está por $325, o que não é mau, para quem quiser poder dizer "tenho o mesmo relógio do Obama".


27 julho, 2022

Longines Conquest V.H.P.: o apelo do quartzo

 

A Longines é uma marca pouco citada aqui por estes lados porque os seus relógios não são propriamente B3. O critério do blog é restringir as propostas sempre com modelos abaixo dos 1000€ (exceto nas exceções que recaem na categoria BBC, isto é, Bons, Bonitos mas Caros...) e a marca suíça não possui uma grande oferta nessa gama de preços.

Em rigor, esse é também o caso deste Longines Conquest V.H.P. (Very High Precision), cujo preço de referência é de 1080€. No entanto, é possível encontrá-lo online por valores abaixo disso, razão pela qual decidi trazê-lo aqui.

No momento em que escrevo este artigo, existem três variantes deste modelo em particular: este, com mostrador preto, e dois outros, um com mostrador azul e outro branco.

A estética deste relógio permite-lhe a sua utilização como daily beater mas também como dress watch. E só não digo que também poderia cumprir a função de relógio desportivo não fosse a sua modesta resistência à água de 50m.

A caixa, em aço, tem 41mm de diâmetro (há modelos desta gama também com um diâmetro de 43mm) e é protegida por vidro de safira, como aliás acontece em toda a restante gama Longines. A bracelete, em aço complementa o conjunto da melhor forma. O desenho do mostrador tem elementos de que habitualmente gosto muito, caso da utilização de numerais aplicados nas posições das 12 e 6 horas com índices nas restantes. A janela de data às 3h00 oferece uma complicação pouco habitual: um calendário perpétuo.

O aspeto mais interessante (mas, potencialmente, também mais polémico) deste relógio é o seu movimento de quartzo de alta precisão. Trata-se do movimento Longines L288.2, por sua vez baseado no ETA E56.111. Este é um movimento de quartzo especialmente concebido para oferecer uma precisão extremamente elevada; enquanto um movimento "normal" tem um precisão da ordem dos +/- 5 segundos por mês, este modelo oferece uma precisão com a mesma variação de +/- 5 segundos, mas por ano!

A coroa também possui diferentes modos de operação. Por exemplo, uma rápida rotação na posição de acerto, faz com que o ponteiro da horas avance uma hora de cada vez; o acionamento lento permite acertar o relógio com o ponteiro dos minutos. Em qualquer dos casos. Há um vídeo explicativo aqui.

Quase mil euros por um relógio de quartzo não é, realmente, algo fácil de engolir. Mas o prestígio da Longines conjugado com um movimento especificamente criado para oferecer a maior precisão possível (e a inclusão de um calendário perpétuo) são motivos que poderão justificar o investimento.

 

20 julho, 2022

Swatch Once Again (Ref.ª GB743): o relógio do Papa

 

Todos sabemos que é possível gastar tanto num relógio como numa (muito boa!) casa. Para isso basta termos dinheiro para tal (ou mais dinheiro do que juízo...) e fazermos questão disso. No entanto, há muita gente rica e poderosa que usa no pulso relógios acessíveis a praticamente qualquer pessoa... talvez por estarem certas do seu poder e/ou riqueza e, como tal, não precisarem de o ostentar através de um relógio.

Já anteriormente falei aqui de Bill Gates, que usa um Casio de mergulho que custa cerca de 70€. Mas há imensos exemplo, como é o caso deste Swatch, um dos preferidos do Papa Francisco, que o utiliza em público frequentemente. 

 

Trata-se do modelo "Once Again", com a referência GB743 e cujo preço de referência (como o de tantos Swatch) é de 55€ no site da marca.

Caso não o consiga encontrar numa loja Swatch, ele encontra-se na Amazon Espanha, vendido através de várias lojas, por preços que oscilam entre os 55 e os 75 euros.

Este modelo é da gama Swatch de relógios com 34 mm (relativamente pequeno, portanto) mas que oferece grande legibilidade, com um mostrador branco e numerais arábicos pretos em todas as posições horárias exceto às 3h00, onde encontramos uma janela com dia e data.

Esta tem a particularidade de ter sobre ela uma "lente" que facilita a sua visualização. Trata-se de uma implementação original do conceito de "cyclops" que normalmente só encontramos sobre janelas de data, e não de dia e data.

O relógio é, claro, de quartzo e a caixa, bracelete e "vidro" do mostrador são igualmente em matéria plástica. Até a fivela da bracelete é de plástico. Como costuma dizer um amigo meu "é 100% plástico verdadeiro"! :-)

O meu conselho? Comprem um rapidamente! Já há quem esteja a vender este mesmíssimo modelo, por quase 800€. Eu não disse que há pessoas com mais dinheiro do que juízo?

13 julho, 2022

Tissot Chemin des Tourelles GMT: estilo em viagem

 



Os relógios mecânicos com complicação GMT (duplo fuso horário) não são propriamente baratos. Mas através deste vídeo do canal Just One More Watch, descobri uma proposta fantástica, que pode ser vossa por pouco mais de 400 euros (detalhes no último parágrafo).

Trata-se do Tissot Chemin des Tourelles GMT. Há muito para gostar neste modelo que, a julgar pelo website de Singapura da marca, tem um preço de referência de cerca de 900€. Existem diversas variantes mas esta, como o mostrador preto e bracelete em pele da mesma cor, é a que me agrada mais.

Ao contrário do relógio que continua a ser a referência no mundo GMT, esta proposta com leitura de segundo fuso horário tem uma abordagem dressy e não desportiva e/ou de mergulho, com uma caixa muito mais simples e sem qualquer bisel rotativo. A leitura do segundo fuso horário é feita através da escala de 24 horas inscrita internamente na periferia do mostrador, para a qual aponta o tradicional terceiro ponteiro em forma de seta.

O desenho do mostrador inclui elementos que habitualmente não me agradam, como é o caso dos numerais romanos, mas o facto de aqui surgirem aplicados apenas nas quatro principais posições horárias, dá-lhe uma elegância mais consensual. O movimento usado é o suíço e automático Powermatic 80.661 com data, uma variante GMT do nosso conhecido Powermatic 80

Apesar de poder parecer maior, devido ao desenho da caixa e do mostrador, este é um relógio com uma caixa de apenas 42mm. Como acontece com toda a gama Tissot, a execução inclui vidro de safira. Como se vê pelas fotos, o fundo da caixa é igualmente em vidro, para observação do movimento.

Vamos então ao preço. Como disse, a referência Tissot é de cerca de 900€, mais coisa menos coisa. Contudo, à data em que escrevo isto, está ser vendido pela popular Jomashop por... 323 dólares! Acrescente-se o código BDFW10 ao carrinho, e ainda se tem um pequeno desconto de mais 5 dólares. Contudo, há que acrescentar 89 dólares de portes para Portugal (porque vem dos EUA) e, mais do que certo, custos de desalfandegamento. Ainda assim, estou em crer que ficará por bastante menos do que o PVP de referência.

Uma alternativa (mais cara) é optar por uma variante com mostrador e caixa prateados e bracelete em aço que, não sendo do meu agrado, poderá ser do vosso. Esse modelo está na Amazon Espanha (portes grátis e sem problemas de alfândega) por 816€.

08 julho, 2022

Oportunidades Amazon Prime Day 2022

 


O Prime Day é uma espécie de Black Friday da Amazon, em que milhares de produtos oferecem descontos muito significativos. E os relógios são uma das categorias em que é sempre possível encontrar boas oportunidades.

Este ano, o Prime Day ocorre entre as 00h00 do dia 12 e as 23h59 do dia 13 de junho. Mas claro que há um "catch": só é válido para clientes Amazon que tenham subscrito o serviço "Prime". A boa notícia é que qualquer pessoa pode aderir ao Prime gratuitamente por um mês, desfrutar das oportunidades e, depois, caso não queria continuar, desistir sem ter de pagar mais nada!

Então, first things first: para se registarem como clientes "Prime", cliquem aqui (Amazon Espanha em Português). Depois, durante o Prime Day, podem ir à loja e encontrar oportunidades, ou seguir diretamente este link para a categoria de relógios automáticos, que já está filtrada pelos modelos mais acessíveis e das marcas mais conhecidas.

Na Amazon podemos também aceder a ofertas diárias de promoções, se bem que neste caso em concreto, a categoria dos relógios nem sempre seja muito interessante. No entanto, as ofertas mudam diariamente, pelo que pode valer a pena revisitar a página e ir estando atento. Note-se que, neste caso, são ofertas para toda a gente (e todos os dias) e não apenas para quem tem Prime.

Boas compras!

04 julho, 2022

Citizen Promaster: O "outro" diver japonês

 

Quando se fala em relógios de mergulho automáticos japoneses, pensamos quase imediatamente na Seiko ou na Orient (comprada pela Seiko em 2008). Mas a Citizen tem também uma longa tradição de divers, nomeadamente na sua coleção Promaster.

Atrevo-me a dizer que uma das razões para este "esquecimento" por parte dos entusiastas se prende com o facto de a Citizen apostar bastante mais nos relógios com movimentos de quartzo do que nos mecânicos. No entanto, há abundantes exemplos de Citizen Promaster com movimentos automáticos, de que este modelo NY0084-89E é um excelente exemplo.

O que temos aqui são todas as características de um bom relógio de mergulho, caso da resistência à água até 200 metros (certificação ISO 6425) e do bisel rotativo unidirecional, mas também outras que lhe dão a flexibilidade para ser usado como um relógio desportivo e diversas outras ocasiões – nomeadamente a data e hora às 3h00 e a bracelete em aço.

O movimento usado é o Citizen 8204 que, ao contrário de outras propostas mais básicas da marca, oferece corda manual (isto é, além de ser automático, podemos dar corda para termos de imediato uma reserva de marcha significativa) e paragem de segundos (hacking), que para o ponteiro dos segundos quando a coroa é puxada para fora, facilitando assim o acerto da hora.

A execução como o bisel verde é particularmente bonita (para o meu gosto, claro), com um belo contraste através do mostrador preto e dos índices brancos com superluminova para visualização no escuro. A coroa às 8h00 é um detalhe que oferece mais conforto, evitando que a cora se "crave" no pulso. No entanto, ao contrário de outros modelos da gama Promaster, este nem é um relógio muito grande (42mm de diâmetro), pelo que acaba por ser mais um detalhe de design (que me agrada...) do que algo efetivamente útil.

Por falar em detalhes, outro que me agrada é o formato exterior do bisel, com seis zonas serrilhadas, que se alternam com partes lisas e cujo desenho a Citizen diz ter sido inspirado pelas linhas do peixe-balão (ou fugu, que é o seu nome no Japão). Só uma nota para dizer que o vidro que protege o mostrador é mineral e não de safira, como acontece no novo NY0151-59X – que além de ser maior (44m) é também bastante mais caro! ($595).

Ao contrário da gama Prospex da Seiko, que nos últimos tempos disparou em preço, este Promaster é bastante acessível. O seu preço de referência, no site da marca em Portugal, é de 248€, mas pode ser encontrado na Amazon Espanha, já com portes, por apenas 170€ – um valor que consegue ser ainda inferior ao do Orient de que falei há dias!


01 julho, 2022

Orient Kamasu a 205€ na Amazon!

 


Só uma nota rápida, para quem queira aplicar parte do subsídio de férias num relógio de mergulho: o fabuloso Orient Kamasu está por apenas 205€ na Amazon Espanha, incluindo portes grátis para Portugal!

#JustSaying!

18 junho, 2022

Sugess ST1901: o melhor "panda" de sempre?

 


Na minha coleção constituída praticamente apenas por relógios B3, há uma peça que destoa: um Hamilton Intra-Matic Auto Chrono, máquina de 2000€ que, devido a um mais do que provável lapso de raciocínio, resolvi adquirir no Natal passado.

Não vou dizer que estou arrependido, porque não estou. Mas admito que não estaria muito mais mal servido se tivesse em vez disso adquirido o modelo que hoje vos trago, e que foi claramente inspirado no cronógrafo da marca norte-americana.

Trata-se de um relógio 100% chinês, desde a marca ao movimento. Nunca falámos aqui da Sugess mas penso que este modelo fará com que valha a pena. Não o encontro no website da marca, mas uma busca por "Sugess ST1901 Panda" na Amazon Espanha permite que seja logo o primeiro a aparecer.

O que temos aqui é um cronógrafo numa variante tipo "panda" isto é, mostrador branco e sub-mostrador pretos nas posições das 3h00 e 9h00. O movimento por detrás da complicação cronográfica é o nosso conhecido Seagull ST1901, o mesmo movimento mecânico de carga manual que encontramos no lendário Seagull 1963 de que já aqui falei (bem como no Hemel The Airfoil), e que surge aqui numa variante equipada com um regulador tipo pescoço de cisne, o qual permite um ajuste mais fiável da precisão.

A execução, numa caixa de aço de 40mm de acabamento polido e protegida por vidro de safira, é do tipo desportiva, caráter acentuado pelo taquímetro inscrito internamente, na periferia do mostrador. O conjunto é completado por uma bracelete em pele preta. Tudo o resto é pontuado pela sobriedade e bom-gosto, desde o elegante logótipo da Sugess às 12h00 ao ponteiro dos segundos em preto com ponta vermelha.

O preço para tudo isto são uns absolutamente incríveis 249 euros (!) na Amazon.es, sendo que não são cobrados portes de envio para Portugal.


21 maio, 2022

Citizen Ecodrive BM8550-81E: elegância acessível

 

Este belo dress watch da Citizen não é novo; pelo contrário, faz parte do catálogo da marca japonesa desde, pelo menos, 2014. Mas penso que vale a pena falarmos sobre ele, sobretudo depois do vídeo que o canal Just One More Watch fez a propósito de uma "polémica" (entre aspas, porque como veremos, não é verdadeiramente uma polémica...) entre a Citizen e a marca chinesa Cadisen.

Tudo começou porque um subscritor do referido canal achou que, ao contrário do que é habitual, desta vez tinha concluído que teria sido uma marca japonesa a copiar um modelo chinês e não o contrário. O relógio "original" em questão seria o Cadisen C1032M; contudo, uma investigação (ou melhor, uma rápida busca pelo Google!) sobre o tema revela que este modelo da Cadisen é, como aliás seria de esperar, a verdadeira cópia ("homenagem", neste caso, já que não se trata de uma verdadeira cópia) e que este Citizen chegou ao mercado vários anos antes.

Este post é sobre o relógio japonês, e não sobre o chinês, mas sempre aproveito para dizer o seguinte: o Cadisen é mais barato e utiliza um movimento automático (de origem Seiko)... Além disso, o mostrador é protegido por vidro de safira quando o Citizen nos oferece apenas vidro mineral.

Quanto ao nosso Citizen, é baseado num movimento de quartzo de tecnologia Ecodrive, isto é, alimentado pela luz, com dia e data às 3h00. O desenho e proporções (caixa com diâmetro 41,8mm e resistência à água até 100m) são absolutamente clássicas, algo acentuado pela utilização do numeral romano XII na posição das 12h00 e de índices aplicados nas restantes posições.

Entre os dois, o meu snobismo não me permite optar pelo Cadisen, mas tenho que reconhecer que a marca chinesa apresenta uma proposta muito interessante para um relógio basicamente igual mas com movimento mais nobre e materiais (caso do vidro de safira) em alguns casos superiores, ainda que eu duvide que a execução geral seja melhor que a do modelo japonês.

O preço de referência do Citizen é da ordem dos 190 euros, mas pode ser encontrado na Amazon.es por 142€, já com portes para Portugal. O PVP de referência do Cadisen é de cerca de 80€ via AliExpress; na Amazon.es está bastante mais caro, por 139€.

14 maio, 2022

Casio Edifice EFV-140: um cheirinho a Omega...

 

Já aqui falei de um Casio que pisca o olho ao Audemars Piguet Royal Oak, ainda que não o copiando (aliás, gosto tanto desse relógio, que acabei por comprar um!). Hoje, trago-vos mais um que claramente foi buscar inspiração a outro clássico do mundo da relojoaria, o Casio Edifice EFV-140.

Trata-se de um relógio que se inspira no Omega Seamaster Aqua Terra, inspiração essa que é visível não apenas nas proporções da caixa, mas também no mostrador, com as suas riscas horizontais, nas cores (gosto sobretudo da versão em verde), na forma e tipo de índices e no facto de possuir um dos ponteiros que termina numa seta (que aqui é o ponteiro das horas mas nos Omega é o dos minutos).

Sendo este um modelo novo (à data da publicação deste texto, ainda não estava sequer à venda na loja oficial da marca nem na Amazon), ele é na realidade uma versão nova de um outro, semelhante, com a referência EFV-100D, mas cuja diferença mais evidente é o mostrador totalmente liso.

Como se pode ver pelo GIF animado, existem variantes com mostrador preto, azul e verde, todas com bracelete em aço; e com mostrador prateado e preto com bracelete em pele.

Ao contrário do modelo EFR-S108D-1AVUEF, que a comunidade de entusiastas de relojoaria apelida carinhosamente de "CasiOak", o nível de execução deste modelo não é tão elevado, algo sobretudo evidente pela opção de utilizar vidro mineral em vez de safira para proteger o mostrador.

Há outro aspeto a considerar, e esse prende-se com as dimensões: as fotos, sem qualquer ponto de referência, não deixam transparecer o formato um pouco maior do que seria de supor. Enquanto o Omega Aqua Terra tem uma caixa de 41mm, este Casio surge aqui com dimensões consideráveis de 43,9mm de diâmetro, o que para muitas pessoas pode ser demasiado grande. Comparativamente, o modelo anterior (EFV-100), tem uma caixa com uns muito mais razoáveis 42mm.

No entanto, tendo em consideração que o referido Omega que serviu de inspiração a este modelo custa mais de 6.000€ e este relógio, quando começar a ser vendido, poderá ser adquirido por menos de 100€, continua a parecer-me um bom negócio!

01 maio, 2022

Tissot Savonnette Mechanical: regresso ao passado

 


O relógio que vos trago hoje não é um relógio de pulso: é o tipo de relógio que se usava antes de se usarem relógios de pulso. No início do século XX, até ao final dos anos 30, o relógio de bolso era uma peça essencial para complementar a indumentária do verdadeiro cavalheiro.

O Tissot Savonnette Mechanical (ref.ª T83.6.402.12) traz-nos de volta a esses tempos, com um movimento mecânico de carga manual (na altura, os movimentos automáticos ainda não tinham sido inventados) que, sendo hoje propriedade do grupo ETA, tem origens muito mais antigas (foi criado nos anos 50) e foi realmente usado como movimento para relógios de bolso: o Unitas 6498-1.

O advento dos relógios de pulso quase remeteu este movimento ao esquecimento, uma vez que é fisicamente grande (36,6mm) mas mais recentemente, com a popularidade dos relógios desportivos de grandes dimensões, voltou a ser popular. Neste caso, a variante usada é a 6498-1, com pequenos segundos e uma frequência de funcionamento de 2,5 Hz (18.000 alternâncias por hora). 

Seja para complementar a roupa (ou o look de hipster!) ou para completar a coleção, esta é uma peça interessante. A caixa, em aço, tem uma tampa para proteger o mostrador (e ainda bem, porque o vidro é mineral, e não de safira) e o conjunto inclui a clássica corrente. O diâmetro, substancial, é de quase 50mm (49,40mm, em rigor).

O mostrador, no caso desta variante, tem numerais arábicos em todas as posições horárias exceto às 6h00, para dar espaço ao sub-mostrador de pequenos segundos. Existem diversas variantes deste relógio na coleção T-Pocket, entre elas uma igual mas com numerais romanos. O preço de referência deste relógio é de 750€, mas pode ser encontrado na Amazon Espanha por 600€.

06 abril, 2022

Bulova Aerojet 96B374: charme clássico

 


A Bulova não é uma marca de que tenha aqui falado com frequência. Fundada em Nova Iorque em 1875 por Joseph Bulova, um emigrante da Boémia (hoje, República Checa), a marca faz parte do grupo Citizen desde 1 de janeiro de 2008, que manteve a marca com a sua identidade própria.

O problema é que, apesar da marca ter na sua longa história uma série de interessantes marcos tecnológicos e tecnologia própria que até hoje não foi replicada por nenhum outro fabricante, tem também uma longa "tradição" de criar peças com uma estética... digamos... discutível.

No entanto, em tempos mais recentes, a marca seguiu o caminho de muitas outras (caso da Timex, por exemplo) e tem ido ao fundo do seu catálogo buscar inspiração para (re)criar peças bem interessantes e esteticamente mais consensuais. E é certamente esse o caso deste Aerojet com a referência 96B374, muito embora não creio que exista no catálogo passado da marca algo do género — parece-me mais uma inspiração da estética da era dos anos 60/70 do que propriamente algo que se baseie num modelo antigo.

O que temos aqui é um soberbo dress watch com mostrador azul e índice dourados aplicados, data às 3h00 e  sub-mostrador de 24 horas (complicação GMT) às 9h00. Existe uma variante com bracelete em aço mas cujo mostrador, em castanho, não me agrada tanto. O movimento usado é um automático Miyota 8217 com reserva de marcha de 40 horas.

A caixa, em aço, tem 41mm de diâmetro e espessura de 12mm. No site não surge qualquer referência sobre o material do vidro do mostrador, mas penso que é seguro afirmar que se trata de vidro mineral e não safira (porque se fosse safira, certamente que a marca o diria na página do produto...). O fundo da caixa é em vidro mineral, para observação do movimento.

Outro detalhe interessante, e que nem sempre surge nos dress watches, é a presença de material luminescente nos ponteiros e nos pontos juntos aos índices aplicados. 

Há um artigo interessante aqui sobre estas novas recriações da Bulova.