28 dezembro, 2023

Relógios da CP: Uma oportunidade perdida




Tenho um relógio de parede da Mondaine, daqueles Stop2Go, em que o ponteiro dos segundos para na posição das 12 horas durante 2 segundos e, depois, o ponteiro dos minutos avança um minuto. Adoro o relógio – só acho que podia ser um bocadinho maior, mas enfim... – e hei-de também ter uma versão de pulso, que foi relançado recentemente.

Entretanto, apareceu-me hoje, via Facebook, esta foto, de um relógio de uma estação de comboios portuguesa, recentemente reparado.

E pus-me a pensar: tal como no caso do icónico mostrador que a Mondaine licenciou*, este relógio português é igualmente único. Desconheço as suas origens, mas a verdade é que adorava que ele existisse não apenas em versões de parede, como em relógios de pulso.

Numa CP que historicamente é uma empresa que dá prejuízo (o que faz algum sentido, visto tratar-se de um serviço público...), o facto de não haver ninguém com cabecinha para rentabilizar este ativo, é algo que me deixa perplexo. 

Como duvido imenso que o desenho deste mostrador seja protegido por direitos de autor (como é o caso suíço, que até obrigou a Apple a pagar mais de 20 milhões de dólares para a sua utilização no iOS), arriscamo-nos um destes dias a ver alguém – não necessariamente Português – a faturar à conta disto. E, depois, será tarde demais.

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* Ao contrário do que muitas vezes se pensa, o desenho usado pela Mondaine não foi uma criação da empresa. O mostrador original remonta a 1944 (!), tendo sido desenhado por Hans Hilfiker. A Mondaine licenciou este design à SBB CFF FFS em 1986, para utilização exclusiva.
 

04 dezembro, 2023

Gavox Longitude Sapphire: o GMT mais belo

 

Já há anos que não referencio nenhum Gavox, mas falei "de raspão" no Longitude há cerca de um ano, a propósito da primeira vaga de relógios GMT que estavam a chegar ao mercado, baseados no movimento Miyota 9075.

A boa notícia é que não só o relógio chegou entretanto, como está a ser vendido a um preço abaixo do valor do lançamento, custando neste momento (Dezembro de 2023) 850€, com compra a partir do site da marca e portes grátis para Portugal.

Vou ser sincero: de todos os GMT baseados neste movimento que vi até agora, este é - de longe - aquele que mais me agrada. O relógio é lindo! Desde o original mostrador azul texturado, à belíssima bracelete integrada na caixa, ao bisel bidirecional de 24 horas, passando pela elegância da janela de data às 6h00 e terminando na resistência à água até 200 metros.

É difícil inventar a roda, mas o resultado é um conjunto que, apesar de integrar algumas referências conhecidas (o bisel, apesar de original, lembra o do Rolex Explorer) é 100% original e fresco.

Não sou grande fã da ideia do "one watch collection" (uma contradição em si mesmo...), mas para quem isso faça sentido, não tenho dúvidas: este pode ser esse relógio! Consigo imaginá-lo como um daily driver capaz de ser usado em ocasiões formais e, ao mesmo tempo, estar pronto para todas as aventuras.  

27 novembro, 2023

Citizen Tsuyosa: elegante e automático


Sinceramente, acho que a Citizen é uma das marcas mais sub-apreciadas da indústria relojoeira, especialmente quando a comparamos com a sua rival japonesa Seiko. Julgo que isso se deve ao facto de que esta se concentrou em criar relógios mecânicos baratos e, desta forma, conquistou o coração dos entusiastas, enquanto a aquela sempre apostou mais em movimentos de quartzo, nomeadamente o lendário EcoDrive, no qual a pilha é recarregável e alimentada pela luz.

Contudo, a Citizen nunca deixou de apostar nos movimentos mecânicos, muito embora seja mais conhecida pelas máquinas que fornece a milhares de marcas independentes em todo o mundo, através da sua subsidiária Myiota, que tem criado movimentos fantásticos, quer de quartzo quer automáticos, em diferentes gamas de qualidade e preço.

Mas desde 2022 que temos assistido a um esforço por parte da marca em criar relógios automáticos de qualidade a baixo preço, utilizando os seus próprios movimentos. É um destes esforços que hoje aqui vos trago, sob a forma do Tsuyosa, um elegante dress watch automático de excelente design e com um preço também ele muito bom.

Quero começar pelo nome que, parecendo que não, é importante. Julgo que a marca fez uma boa opção ao baptizar este relógio em vez de usar um conjunto genérico de números e letras. É assim que se criam marcas e se cultiva a lealdade dos clientes. Além disso, o nome não só é bonito como significa, em japonês, "força" e "poder/energia").

O relógio tem proporções muito boas, com caixa de 40mm e espessura de 11,7mm (resistência à água de 50m). A coroa surge às 4h00, que é o detalhe que menos me agrada; trata-se de algo que faz sentido em relógios de dimensões maiores, para ser mais prático de usar, mas não tanto aqui, além de quebrar um pouco a simetria do conjunto.

Contudo, não será um deal breaker para a maioria dos potenciais interessados. Até porque o resto do conjunto tem tudo para agradar, incluindo mostrador com vidro de safira e fundo roscado com vidro para observação do movimento. Todas as variantes têm bracelete em aço que se integra perfeitamente com a caixa, de clara inspiração "anos 70".

O mostrador é simples e bem desenhado, com índices nas posições horárias e janela de data, com lente, às 3h00. Em todas as variantes, índices e ponteiros têm tratamento luminescente para brilho no escuro. O movimento usado é o calibre Citizen 8210

Existem diferentes opções de cor. Esta da foto, em azul, é a referência NJ0150-81L. Mas há outras cores, nomeadamente preto, verde, amarelo, azul turquesa e azul "sun burst". O preço de referência de todas estas variantes é de uns super-razoáveis 289€. Por mais dez euros, há uma versão com mostrador cinza e caixa e bracelete em aço/dourado. Por 310€, a marca propõe uma variante com caixa e bracelete totalmente em dourado e mostrador vermelho "sun burst".


15 novembro, 2023

Mondaine lança nova versão do Stop2Go!


Desde que falei aqui no blog do Stop2Go que eu aguardava este momento. A Mondaine já tem à venda a partir do seu próprio website a nova versão deste icónico relógio, em que o ponteiro dos segundos demora 58 segundos a dar uma volta ao mostrador e, depois de uma pausa de dois segundos, prossegue o seu caminho, ao mesmo tempo que o ponteiro dos minutos, que ficou parado este tempo todo, avança um minuto.

As funcionalidades e caraterísticas técnicas mantêm-se inalteradas, pelo que vos remeto para o post original. No entanto, há duas grandes novidades que vale a pena abordar.

A primeira é que este novo modelo integra um movimento também ele novo. Isto deve-se, ao que tudo indica, a problemas graves de fiabilidade do movimento anteriormente usado, e que levou a que a marca suíça descontinuasse o Stop2Go há cerca de 3 anos. Há uns tempos enviei uma mensagem ao suporte ao cliente da Mondaine perguntando para quando poderíamos esperar uma nova iteração do relógio e foi-me dito que "estavam a tratar disso". O que, claro, significa coisa nenhuma... 

Confesso que tinha perdido a esperança, até que visitei este mês o site da Mondaine e descobri o novo Stop2Go, que tem agora a referência MST.4101B.LBV.2SE (variante da imagem, com bracelete em pele artificial preta). Existem também variantes com bracelete em aço e com o mostrador preto. É também possível adquirir uma bracelete vermelha.

A segunda novidade é a ausência de coroa na caixa. O ajuste do relógio é feito através de um botão de pressão semelhante ao que surge por vezes em relógios automáticos para ajuste da data. Para se perceber como é que o ajuste é feito, é dar uma vista de olhos ao manual ou a este vídeo.

O PVP é de 619€, cerca de 20€ superior ao do modelo anterior. É caro, mas se for mais fiável, já valerá a pena.

12 novembro, 2023

Timex Expedition North® Titanium Automatic: no bom caminho

 

Não faço ideia de que tipo de substâncias anda o pessoal da Timex a consumir, mas parecem ser de boa qualidade! O novo Expedition North da marca é apenas um de vários novos modelos que indicam uma viragem da marca no sentido de produzir relógios com (bastante) mais qualidade do que até agora. 

Vale a pena começar pelas especificações: caixa em titânio com acabamento beadblasted, vidro de safira, resistência à água até 200 metros, movimento mecânico automático e fundo de observação em vidro. A bracelete é têxtil, produzida a partir de plástico oceânico reciclado. Tudo isto por um PVP (a partir do site europeu da marca) de 349€, que pode ainda receber um desconto de 15%, se o visitante do site se inscrever para receber a newsletter da marca.

Nada disto significaria coisa alguma caso o resultado fosse um desastre. Mas não é. O mostrador é extremamente bem desenhado, com numerais arábicos bem legíveis (e luminescentes no escuro) em todas as posições exceto às 12 e às 3 horas, onde encontramos uma janela de data.

O equilíbrio do conjunto é complementado pela excelente escolha das dimensões. O diâmetro da caixa é de 41mm e a espessura é de 12,5. O resultado é um field watch onde nada parece ter sido deixado ao acaso.

Já aqui no blogue critiquei, no passado, a Timex por apresentar relógios com movimento automático a preços que me pareceram excessivos, mas nada neste modelo me impede de considerar que estamos na presença de um produto com uma excelente relação qualidade/preço.

Em breve, trarei ao blogue outros Timex recentemente lançados e que confirmam a seriedade com que a marca está a encarar a sua posição no mercado.  


15 setembro, 2023

Suunto Peak e Core All Black: os relógios de The Equalizer

 


Gosto muito da franchise The Equalizer, que este ano chegou ao fim com o lançamento de The Equalizer 3, ainda em exibição nas salas portuguesas. O protagonista, interpretado por Denzel Washington, chama-se Robert McCall, um homem de poucas palavras e que só muito relutantemente decide entrar em ação. Os filmes da série são uma espécie de John Wick em câmara lenta – no bom sentido!

Mas há outro protagonista: o seu relógio. É algo que surge por escassos segundos no ecrã mas que tem um grande significado, porque inicia uma contagem regressiva, no final da qual só a personagem de Denzel sai de cena com vida. 


A primeira vez que vi o The Equalizer original, fiquei com a ideia de que o relógio seria um Timex IronMan ou até algum prop especificamente criado para o filme. Mas não. Descubro agora que se trata de um Suunto, uma marca finlandesa que eu desconhecia em absoluto.

E, no entanto, ela anda por cá há já algum tempo. De acordo com a informação no website oficial, a Suunto foi fundada em 1969 por Tuomas Vohlonen, um aventureiro finlandês, que criou o primeiro produto da empresa: uma bússola especial, mais precisa e robusta que os modelos disponíveis na altura.

Hoje, a Suunto tem uma vasta gama de produtos onde podemos ainda encontrar bússolas, mas também relógios e computadores de mergulho e relógios desportivos. É neste último grupo que descobrimos os dois relógios usados por Robert McCall nos três filmes: o Suunto Core (nos dois primeiros) e o Suunto 9 Peak, que surge em Equalizer 3, em ambos os casos em versões "all black".

Os dois modelos oferecem imensas funcionalidades, além da medição do tempo, incluindo altímetro, bússola, termómetro e até medidor de profundidade, nos casos em que são usados para mergulhar. No entanto, o Suunto 9 Peak é o mais interessante dos dois, com uma construção que inclui proteção do mostrador com vidro de safira e resistência à água até 100 metros, e muitas funcionalidades adicionais que o colocam mais próximo de um smartwatch.

Ambos têm vantagens e desvantagens. O Suunto 9 Peak é o mais usável no dia-a-dia, uma vez que tem um diâmetro de 43mm, contra uns substanciais 49mm no caso do Core. No entanto a sua bateria recarregável dura apenas duas semanas, contra um ano da bateria (substituível) do Core.

Além das funcionalidades adicionais e do vidro de safira, o preço mais elevado (já lá vamos...) do Suunto 9 Peak também se justifica por um detalhe de construção bastante importante: possui uma caixa em titânio, enquanto o Core oferece apenas uma caixa de material compósito, bastante mais frágil.

Encontramos ambos os relógios à venda na Amazon Espanha, onde a Suunto tem uma loja oficial. O Suunto Core All Black custa 159 euros e o Suunto 9 Peak All Black fica por 219€, em ambos os casos com portes gratuitos para Portugal.




24 junho, 2023

Orient Mako RA-AA0818L19B: à terceira é de vez

 


A nomenclatura inescrutável da Orient tem levado a comunidade de entusiastas, ao longo dos anos, a criar os seus próprios nomes memoráveis para cada uma das gamas da marca japonesa, independente mas parte do grupo Seiko desde 2008.

É assim com a gama Kamasu, de que falei há relativamente pouco tempo, do Bambino (idem), do Ray e, claro, do lendário Mako.

O modelo que voz trago hoje tem a referência RA-AA0818L19B (!) mas ficará certamente conhecido pelo nome de Mako III, visto tratar-se da terceira geração deste modelo. O Mako distingue-se facilmente dos outros relógios de mergulho da Orient pelo facto de usar numerais nas posições 12, 6 e 9, com janela de dia e data às 3h00.

Esta última iteração do Mako traz consigo melhorias significativas face aos anteriores modelos, sendo a mais óbvia a utilização de vidro de safira no mostrador. É algo que a Orient parece estar a fazer em cada nova geração das suas coleções, o que se saúda, claro, tanto mais que a casa-mãe (Seiko) continua a insistir no vidro mineral endurecido (hardlex) até mesmo em relógios que custam o dobro de modelos Orient equivalentes.

Outra alteração é o bisel unidirecional rotativo, cujo movimento foi melhorado, sendo agora de 120 cliques, ou seja, dois por cada minuto no mostrador. As proporções mantêm-se praticamente inalteradas, com caixa de 40,5 mm. O movimento é o automático Orient F6992, usado desde a segunda geração Mako, e que permite paragem de segundos ("hacking") e corda manual. Ao contrário do que acontecia na primeira geração Mako, com um poussoir às 2h00 para a data, todo o movimento é controlado por uma única coroa às 3h00.

Este modelo ainda não se encontra nem no website oficial da marca, nem sequer para venda na Amazon, mas não há-de faltar muito. Outras lojas online, como a Tuswatches, estão a vendê-lo por cerca de 250€, quando o preço de referência da marca parece ser de 400€. Ou seja, como sempre quando falamos da Orient, um excelente negócio.

Há ainda variantes de cor, nomeadamente branco/champanhe, bordeaux e preto.

   

03 junho, 2023

Bulova Lunar Pilot 43.5mm: mais perto da Lua

 

Ao longo dos anos, na minha jornada de descoberta, tenho falado de relógios que acabei mais tarde por comprar. Um destes dias hei-de falar deles, mas hoje não é esse dia. Hoje é o dia em que vos trago um relógio de que gosto muito, do qual já falei anteriormente mas... que não contemplei comprar porque era demasiado grande para o meu pulso: 45mm, e uma distância entre "asas" demasiado grande para mim.

Como já viram pelo título e pela imagem, esse relógio é o lendário Bulova Lunar Pilot, Mas porquê revisitá-lo? Porque a marca (que desde 2008 faz parte do grupo Citizen) acaba de lançar dois novos modelos, com uma caixa de menores dimensões e mais próximos do modelo original que foi usado na Lua pelo astronauta David Scott, comandante da missão Apollo 15... depois do seu Omega Speedmaster se ter avariado (consta que o vidro saltou da caixa).

Foi esse relógio, esquecido até 2015, quando foi leiloado por 1,65 milhões de dólares, que a Bulova decidiu recriar para o público em geral. Contudo, a primeira iteração tinha dois aspetos (além da utilização de um movimento totalmente diferente) que o distinguia do original: uma caixa de 45mm, quando o original tinha 43,5mm, e janela de data às 4h30, simplesmente inexistente no original.

A complicação de data foi removida para uma edição especial limitada comemorativa do Lunar Pilot lançada em 2021, mas mantendo a caixa de 45mm. Agora, a Bulova lançou dois novos modelos sem data e com uma caixa de 43,5mm, semelhante à original que esteve realmente no solo lunar.

Um dos modelos é o tradicional com caixa em aço e mostrador preto, mas temos agora também uma nova, com mostrador branco e sub-mostradores azuis, que o pessoal gosta de comparar ao Speedmaster "Snoopy".

Além das dimensões e da data, estes relógios retêm todas as características dos modelos anteriores, incluindo um preço semelhante, de 579€. Ambos são apenas vendidos com bracelete em aço, mas numa caixa que inclui uma bracelete NATO adicional; pelo menos para já, não existe variante apenas com bracelete em pele, como ainda sucede com o modelo de 45mm, e que custa menos 50€.

Apesar dos preços de referência serem muito razoáveis, é possível adquirir estes relógios a um preço ainda mais baixo, na Amazon Espanha. A versão com mostrador preto pode ser comprada por 488€; a variante "Snoopy" custa 549€.

 

28 maio, 2023

Nodus Sector GMT Pacific: dos EUA, com amor

 


A Nodus é uma micromarca baseada em Los Angeles, EUA, que acho que vale a pena explorarmos. É verdade que só vende a partir do seu website norte-americano, o que significa que iremos ter de pagar impostos à chegada a Portugal. Mas, com os preços que pratica, acho que mesmo assim pode bem valer a pena!

O modelo que vos trago hoje é um GMT que está temporariamente esgotado, mas prevê-se que volte a estar disponível a partir de julho (de 2023). E não admira: por apenas 450 dólares (!) temos aqui uma peça que transpira qualidade e com um desenho original e muito bem conseguido.

Este é um relógio baseado no menos sofisticado dos novos movimentos japoneses GMT para OEMs, o TMI (Seiko) NH34. Basicamente, trata-se de um NH35 ao qual foi adicionada a complicação de segundo fuso horário através de um quarto ponteiro que pode ser acertado separadamente.

No entanto, o movimento é conjugado com uma execução de nível elevado, incluindo caixa em aço de 38 mm de diâmetro com resistência à água até 100 metros e vidro de safira com revestimento antirreflexo interior. O desenho do mostrador é particularmente feliz, com numerais arábicos em todas a posições horárias, exceto às 6h00, onde foi colocada a janela da data (que no movimento original está às 3h00). Uma escala concêntrica de 24 horas serve o ponteiro que indica o segundo fuso horário. 

O resultado é um relógio deportivo e, ao mesmo tempo, dressy, que pode ser utilizado numa variedade de ocasiões. 

O modelo da foto é o GMT Pacific, com mostrador azul de excelente efeito. Existe também uma variante com mostrador cinza escuro, designada Metro, que está igualmente esgotada.

Como disse no início, parece-me uma excelente proposta em termos de relação preço/qualidade/funcionalidade dados os 450 dólares pedidos... e mesmo que chegue até nós mais caro. Porquê? Porque é mais original e oferece mais qualidade do que a implementação da própria Seiko.  

17 abril, 2023

Deep Star 1000 Vintage Swiss Automatic: suíço, mas B3

 


A Deep Blue é um microbrand fundado nos EUA em 2007. A empresa focou-se desde o início em tools watches de mergulho, e é sobretudo esse o tipo de relógios que encontramos ainda hoje nas suas diferentes gamas de produto.

Agora que o tempo está mais quente e convida a mergulhar, nada melhor do que sugerir o Deep Star 1000 Vintage Swiss Automatic. Esta gama inclui diversos relógios, com diferentes cores de mostrador, e todos com um preço-canhão de apenas 436€.

Poderão dizer-me que isso não é propriamente um preço interessante, dadas as opções em marcas como a Seiko ou a Orient. Mas é preciso ver melhor a folha de especificações: movimento suíço Sellita SW-200, um clone high-beat do lendário ETA 2824, 300 metros de resistência à água e mostrador protegido por vidro de safira.

O PVP indicado é o do relógio com bracelete em borracha de silicone, e inclui já portes para Portugal; o da imagem, com bracelete em malha milanesa, fica por mais 50€.

Este é um relógio um pouco grande de mais para o meu pulso (44mm de diâmetro e 15mm de espessura), mas que está em linha com muitos relógios de mergulho com especificações semelhantes. O desenho do mostrador não é propriamente original, mas também não ofende... O único aspeto que me agrada menos foi a decisão de colocar a janela de data na posição das 4h30.

Caso queiram encomendar, atenção: é preciso usar o website europeu, para evitar problemas com portes, impostos e alfândega.


10 abril, 2023

Seiko 5 SRPD79: barato, ou nem por isso?

 


Ao longo dos anos, este blog falou de imensos Seiko 5 – provavelmente a mais popular linha do fabricante japonês.

Venho hoje novamente falar num deste modelos, não por ser particularmente interessante, mas como pretexto de uma reflexão sobre o que tem estado a acontecer com a Seiko. 

E o que é que tem estado a acontecer com a Seiko? Bem, anda cada vez menos interessante em termos de preços. Veja-se este Seiko 5, com a referência SRPD79. O relógio é bonito (há inúmeras variantes, mas escolhi esta toda em preto, não por me agradar particularmente, mas porque é um pouco mais original), mas segue de perto as principais características da gama.

Entre estas encontramos o movimento automático 4R36, que oferece paragem de segundos (“hacking”) e possibilidade de corda manual, com dia e data às 3h00. O resto da execução é semelhante a dezenas de variantes da gama Seiko 5, designadamente caixa em aço com resistência à água de 100 metros, 42,5mm de diâmetro e coroa colocada às 4h00 – uma decisão estética, mas do que funcional. O fundo é de vidro, permitindo desta forma a visualização do movimento.

Neste caso concreto, a bracelete é de nylon, tipo NATO, mas há inúmeras variantes com diversos tipos de braceletes, incluindo aço, e mostradores de outras cores. O vidro do mostrador é mineral endurecido e o bisel para controlo do tempo de mergulho é unidirecional.

Nada tenho contra este relógio em particular… exceto o preço. O preço de referência (que é o que encontramos na maior parte das ourivesarias) é de 390€, o que me parece francamente alto.

A Amazon Espanha vende este modelo por 255 euros, mas é um preço ainda assim excessivo, face ao que podemos encontrar noutras marcas – desde a Orient (que é do grupo Seiko) à Citizen. Além disso, para quem olhe pare este relógio como um diver, é bom lembrar que a resistência à água é de 100 metros, quando por preço idêntico ou até inferior, conseguimos comprar relógios de mergulho com uns mais substanciais 200 metros de resistência à água.

O problema com os preços é relativamente recente. Falei aqui sobre um relógio desta gama há pouco tempo e, nessa altura, era um relógio à venda na Amazon por 205€, ainda por cima numa variante com bracelete em aço. Mas hoje, o mesmo modelo custa mais 50 euros – um aumento significativo num relógio com este preço.

Não sou o primeiro a apontar a escalada de preços nas gamas Seiko 5. Mas não deixo por isso de salientar esse facto, e lembrar que nem todas as marcas enveredaram por este caminho, pelo que é possível encontrar modelos B3 noutros pastagens.


03 abril, 2023

Ocean One GMT Titan premium Ceramic: O regresso do filho pródigo

 


Já por várias vezes aqui se escreveu que a Steinhart é uma das nossas marcas favoritas. Mas não há bela sem senão: nos últimos anos, a empresa alemã tem deixado de lado desenhos originais para se dedicar a hommages de Rolexes e Tudors... O que, quanto a mim, é algo que será lucrativo a curto prazo mas ruinoso a longo prazo. Mas cada um sabe de si, claro.

Uma das coisas que mais me chateou nos últimos tempos foi a marca descontinuar o Ocean One GMT, que deixou de aparecer no seu catálogo para ser substituído por... uma "homenagem", da qual de resto também já aqui se falou. E reconheço de que, desde que escrevi esse post, em 2020, até agora, a minha tolerância para estas hommages se reduziu substancialmente.

Foi por isso que, com grande surpresa e alegria, descobri que a Steinhart voltou a produzir o Ocean One GMT Titan premium Ceramic! No fundo, uma versão GMT do seu também original Ocean One Titanium 500. Sem saber mais do que qualquer um dos meus leitores, tenho a suspeição de que este volte-face se deve à súbita inundação do mercado com relógios GMT automáticos baseados em máquinas Seiko e Citizen.

Este Ocean One GMT Titan premium Ceramic é uma máquina com uma tremenda relação preço/qualidade, uma vez que oferece, por 740€, algo pelo qual muitos microbrands cobram mais de 1000€... mas, neste caso, usando um movimento GMT suíço!

Comecemos então por aí. O movimento escolhido pelos alemães da Steinhart foi o Sellita SW330-2, um clone melhorado do ETA 2893-2, e aqui alterado de forma a termos a janela de data às 6h00 em vez das 3h00 do calibre original. Mas a Steinhart não se ficou por aí, e selecionou a versão de topo deste movimento suíço, no acabamento Élaboré Premium e com o já tradicional rotor Steinhart dourado.

Este é um movimento high-beat que funciona a 4 Hz, ou seja, 28.800 alternâncias por hora, e que tem uma reserva de marcha igualmente melhorada, de 56 horas (a versão 330-1 oferecia apenas 42 horas). Este movimento tem também uma particularidade, que é a de ser relativamente fino, o que permite que este relógio tenha uma caixa com uns razoáveis 13 mm de espessura.

E por falar em caixa, o Ocean One GMT Titan premium Ceramic, como aliás o nome sugere, é produzido em titânio. O diâmetro é de 42 mm e a execução inclui – claro! – vidro de safira que, neste caso, recebeu um tratamento antirreflexo duplo do lado interior. A resistência à água, tal como no seu irmão sem GMT, é de 500 metros.

A luneta (bezel) inclui a escala de 24 horas para o quarto ponteiro e é produzida em material cerâmico, o que, em princípio, garantirá uma menor propensão para "atrair" riscos, como acontece em muitos casos, em que esta funcionalidade é fabricada em alumínio, muito menos resistente.    

Note-se que, em rigor, o novo movimento Myiota 9075 se pode considerar funcionalmente superior a este GMT suíço, uma vez que permite o acerto direto e independente do ponteiro das horas, enquanto que este apenas permite o acerto do quarto ponteiro com o segundo fuso horário. Mas... No mundo snob da relojoaria, "suíço" baterá (quase) sempre "japonês" num confronto direto. 

E, além disso, voltando ao que escrevi mais acima, este é um GMT que está a ser vendido por uns muito razoáveis 740€, quando encontramos micromarcas a esticarem-se de forma pouco razoável com movimentos japoneses GMT, como é o caso da Boldr e da já referida Gavox.

[Edit] está também disponível, pelo mesmo preço, uma versão deste relógio com caixa de 39mm.

26 março, 2023

Orient Bambino v4: refinamento asiático

 




A última vez que falámos aqui do Orient Bambino foi em 2016. Este elegante dress watch mantém-se ainda hoje em catálogo na gama da Orient (que faz parte do grupo Seiko desde o final de 2008) e vai agora na sua quarta geração –  mas mantendo todas as características que o tornaram popular, nomeadamente o movimento mecânico automático "in house" (ou seja, produzido pela própria marca) com três ponteiros e data às 3h00 e um mostrador simples com índices em todas as posições horárias.

A nova geração é ligeiramente mais pequena do que a anterior, com caixas de 38,4mm de diâmetro contra as anteriores de 40,5 mm, que vai ao encontro de uma tendência da indústria de propor caixas um pouco menores do que tem sido hábito nos últimos anos, sobretudo no setor dos dress watches.
A marca mantém ainda estes relógios com caixa de 40,5mm, mas apenas em variantes com bracelete em aço, e não em pele.

O movimento usado é o Orient F6724, que oferece paragem de segundos ("hacking") e corda manual, o que nem sempre aconteceu no passado com os movimentos da marca usados em modelos mais acessíveis.

Face à geração anterior, os ponteiros são também mais bonitos e os índices, agora, surgem aplicados no mostrador, e não apenas desenhados. A execução inclui caixa em aço com apenas 3 atmosferas de resistência à água (salpicos e poucos mais) e fundo em vidro para observação do movimento de 22 rubis.

No momento em que escrevo estas linhas surgem apenas quatro variantes no website oficial da marca: esta, com mostrador beige e bracelete em pele castanha, que é o meu preferido (ref.ª  RA-AC0M04); mostrador branco e bracelete preta (ref.ª RA-AC0M03S); mostrador preto (ref.ª RA-AC0M02B); e a que é menos do meu agrado, com caixa em plaqué dourado (ref.ª RA-AC0M01S).

O melhor de tudo é que a Orient continua com os preços como sempre teve, isto é, muito competitivos face à concorrência e, até, a modelos comparáveis da casa-mãe Seiko. Na Amazon Espanha encontrei variantes desta gama a 179 euros, o que me parece um valor francamente muito bom.