19 janeiro, 2022

Timex Giorgio Galli S1: quando um relógio B3... não é B3

 



A minha mulher costuma dizer que "os relógios são todos iguais" e, para dizer a verdade, não está totalmente errada. Uma enorme percentagem do que está à venda são relógios com mostrador redondo, 12 índices e três ponteiros. Claro que nós, entusiastas da relojoaria, não vemos as coisas da mesma forma, e sabemos que o contrário é verdade: "(quase) todos os relógios são diferentes"... mesmo quando parecem iguais!

Contudo, uma das coisas que faz com que os relógios sejam diferentes é a marca. Não é só assim na relojoaria, é em tudo. Dos refrigerantes aos automóveis, passando pelo calçado desportivo ou pelos eletrodomésticos, é a marca que, muitas vezes, diferencia bens muito semelhantes entre si.

A marca dá-nos uma determinada garantia de qualidade. Mas, na relojoaria, também nos dá mais do que isso: tradição, imagem, status... Por vezes, damos uma certa quantia por um relógio de uma marca que, se fosse 100% igual mas vendido por outra, com menos prestígio, não compraríamos. É nestes casos que dizemos, e com razão, que "estamos também a comprar a marca".

O que nos traz ao relógio de hoje. Já aqui escrevi em tempos que o meu primeiro relógio de pulso, nos anos 70, foi um Timex oferecido pelo meu pai. E tenho, por essa razão, um carinho especial pela marca. Mas a Timex já deu muitas voltas e passou por muitas mãos; e coisa que nunca tentou ser foi uma "marca de prestígio". O seu posicionamento foi sempre, ao longo dos anos, de uma marca acessível, que criava relógios baratos e duráveis (mesmo quando, sendo baratos, não eram assim tão duráveis...).

O seu extenso catálogo é sobretudo constituído por relógios de quartzo de (muito) baixo preço. Contudo, a marca tem vindo a tentar, nos anos mais recentes, propor igualmente relógios mecânicos a preços cada vez mais altos.

O relógio que voz trago hoje pertence à nova coleção Giorgio Galli. Existem três variantes de cor com caixa de 38mm (na foto); há também duas variantes, com cores menos interessantes, mas ao mesmo preço, com caixa de 41mm.

O relógio tem algumas características interessantes, como é o caso do rubi (decorativo) acima das 6 horas, e a forma como as asas que seguram a bracelete, se integram na caixa, e que nunca tinha visto. De resto, o mostrador é mesmo muito bonito e, confesso, não esperava que a Timex fosse capaz de tal proeza.

Note-se que não só o mostrador é protegido por vidro de safira, mas o mesmo acontece com o fundo de observação do movimento, algo que só encontramos em peças bastante caras. E por falar em movimento... Outra coisa de que duvidava era da sua qualidade, mas o conceituado A Blog To Watch garante tratar-se da versão Timex do conhecido (e excelente) movimento automático Miyota 9039, um high beat de três ponteiros.

Só a escolha por uma bracelete em silicone me parece uma opção que retira um pouco brilho ao conjunto, que merecia uma bracelete em pele de boa qualidade. Mas isso podemos sempre comprar depois.

Vou confessar-vos: tirando a caixa de 38mm, que é pouco pequena para o que normalmente gosto de usar, este é um relógio muito bonito e que não teria qualquer problema em usar. Mas há um problema sério: custa 450 dólares. O modelo acaba de ser lançado nos EUA (em dezembro de 2021) e até pode ser que surja mais barato na Amazon daqui a uns tempos, mas 450 dólares... por um Timex?!

É um pouco como a Renault fazer um modelo tão bom como um BMW de gama idêntica e... custar tanto (ou mais!) do que um BMW. O exercício é simples: por esse preço, compro um BMW! Eu sei, é uma atitude um bocado snob, mas não consigo deixar de pensar assim. Caramba, afinal é de um Timex que estamos a falar!, a mesma marca que vende relógios por menos de 30€!

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